Essa é uma ÓTIMA creepy interativa que a nossa parceira CLP promoveu no Creepy World.
O final da creepy foi escolhida pelos leitores de lá.
Parabéns Claudia!!! Suas creepys são muito boas! :D
Quando criança eu adorava colher flores, era realmente algo que me deixava calma, e me fazia feliz. Eu ia a casa de minha tia nos fins de semana, ela tinha um grande jardim, se é que se pode chamar aquele amontoado de flores e plantas diversas assim, atrás da casa havia uma estufa, em que ela nunca me deixou entrar. Até que ela faleceu de câncer, ela estava lutando, diziam os médicos, lutando com a fisioterapia, e remédios, mas mesmo assim não resistiu.
Eu e meus pais voltamos a casa dela, para ver se algum de seus pertences nos serviria, ou seria vendido junto á casa. Antes de fazer qualquer coisa eu caminhei até a estufa, que antes eu não podia entrar, e finalmente a violei. Minha decepção foi instantânea.
Não era nada especial à primeira vista, tinha alguns vasos de planta e materiais de jardinagem, mas enquanto eu andava dentro daquele cubículo de 2m² eu me senti mal, como se algo estivesse me deixando fraca, eu pensei ser porque, estava muito abafado la dentro, mas não.
Eu notei que havia um pedaço de madeira quadrado abaixo de meus pés, e era uma porta, cheia de terra e folhas. Afastei algumas plantas em vasos enormes para as laterais e puxei o que parecia ser uma maçaneta, só que feita de corda, tive alguma dificuldade, confesso, parecia muito pesada, mas era apenas o vácuo, a porta se abriu e um odor podre praticamente insultou minha existência, pensei até que desmaiaria. Estava tão escuro e parecia ser muito fundo, não havia escada nem nada. Eu naturalmente não entrei para checar, apenas peguei algumas moedas do bolso desejando saber o quão fundo era aquele buraco. Não ouvi nenhum tilintar de metal, nem vi o brilho da moeda, o que era de se esperar devido á profundidade do negocio. Eu não desisti, e como quem procura acha, eu vasculhei dentro e fora da estufa e achei, do lado de fora da estufa, um pouco distante dela, havia como se fosse uma pequena janelinha quadrada de vidro esfumaçado no chão. podia até entrar alguma luz por ela no passado, mas o lado de dentro estava muito sujo.
Em meio aquela poeira, cebo, eu vi o brilho de algo, bem bem no fundo, pensei por um segundo que poderia ser o brilho dos olhos de alguém, mas, quem poderia viver em um local ou em condições como essas. Fiquei olhando alguns minutos fixamente, e então comecei a me sentir observada, poderia ser minha mãe ou meu pai me olhando de uma janela distante, na casa, mas quando olhei já havia sumido.
Bom enfim eu desisti de ficar olhando para aquela janelinha embasada, e entrei na casa e procurei alguma coisa que eu quisesse, achei um diário muito muito velho e surrado, mas me pareceu interessante, apesar da aparência não havia nada escrito, mas em uma das primeiras paginas havia uma frase: "Alimente o fosso com seus desejos"
Isso não fazia nenhum sentido, mas convenhamos que minha tia nunca bateu muito bem da cabeça, então eu peguei o diário e entrei no carro, para voltar para minha casa com meus pais, dentro do carro eu folhei um pouco mais aquele meu achado, e havia mais coisas estranhas escritas. Na decima quinta pagina estava escrito: "A semente foi semeada durante 50 anos, ela não morre, e não deve ser alimentada". Na trigésima pagina: "Não olhe para a semente, ela é venenosa". Na trigésima quinta pagina: "Nunca entre no fosso".
Eu agora tinha duas certezas, primeira, minha tia era mesmo louca, e tem alguma coisa mortífera, provavelmente morta, naquele fosso. Então eu como toda adolescente, sem namorado e curiosa, me aventurei a ir á casa na minha tia antes do local ser vendido e a estufa destruída...
Final escolhido: A Menina Entra no Fosso...
Na semana seguinte, em uma quarta feira passou na casa da minha tia depois da escola, eu estava obstinada a resolver este mistério, sei disso porque quebrei meu cofrinho aquela manhã, e com os cinquenta reais que juntei, eu comprei 10 metros de corda e uma lanterna. Naquele dia eu fui de bicicleta para lá, para chegar mais rápido.
Chegando lá eu tive de pular o portão lateral e entrar sorrateira, fui até a estufa, que já estava quase vazia, sem plantas sem nada, e agora com a porta bem visível, eu amarrei a corda em uma torneira do lado de fora da estufa, torcendo para que a corda fosse comprida o bastante, peguei minha mochila, prendi a respiração e comecei a descer pela corda... Que para minha felicidade tinha o tamanho quase certo, o fosso tinha uns oito metros de profundidade, e o cheiro era... Minha nossa, podre. Eu tinha certeza que havia algo morto ali. Peguei a lanterna e á acendi, de inicio eu a apontei para o chão para garantir que eu não cairia em um buraco. Lá em baixo era mesmo muito grande era como um labirinto...
Eu apontei a lanterna para cima, para ver as paredes, e foi muito assustador, elas estavam quase toda coberta de sangue e musgo, e em alguns lugares haviam marcas semelhantes como arranhões, mas eu não me amedrontei e continuei minha procura por algo vivo, ou morto, e notei que haviam dois corredores, entrei em um deles e fui parar em uma saleta, com uma cama, uma pia e um balde. Dentro dele havia algo que parecia ser moedas e vomito, acho que afinal essa semente não devia comer moedas, haviam também muitos restos de ratos mortos, e era dai que vinha o cheiro.
Eu vi num canto superior da parede um buraco, eu notei que havia algo dentro, eram folhas de papel rasgadas, do diário de minha tia, eu comecei a ler:
“Há muito tempo viveu uma garotinha chamada Samanta, ela era doce, mas sua doença era rara, nunca nenhum medico havia descoberto uma causa ou uma cura, muitos cientistas tentaram estuda-la, mas no fim ela começou a ser tratada como uma planta, ela devia viver na água, e sobreviver se alimentando de sangue e minerais encontrados na terra, mas com seu crescimento ela se tornou mais agressiva e não queria mais ficar na água, para se fortalecer. Ela queria ser normal, ir á escola e ter amigos.
Com a revolta de não poder mais sair de seu quarto, ela começou a machucar os enfermeiros, e até seu pai que veio a falecer algum tempo depois. A menina então foi jogada pela madrasta dentro de um porão e trancada. Não se sabe como ela esta sobrevivendo, nem se esta viva ainda depois de 20 anos, só sabemos que ela esta aqui, em nosso porão, abaixo de nossos pés".
Aquele pedaço de papel era a primeira página do diário de minha tia, e isso quer dizer que aquelas outras coisas, ela descobriu ao longo do tempo em que viveu nesta casa ou até bem depois de saber que havia algo aqui. Como dizia no papel, ali era mesmo um porão, e no outro corredor havia uma porta que dava de frente para uma parede falsa, dentro da casa. Infelizmente a porta estava aberta e quando eu entrei, eu vi pegadas de terra... As pegadas iam ate a sala, onde eu ouvi a televisão ligada, eu andei o mais silenciosamente que eu pude. Olhei pelo batente da porta, haviam longos cabelos negros e grisalhos que se estendiam pelo chão, eram de alguma coisa sentada na poltrona, e no sofá da sala estava um garoto, ele estava amarrado pelo que pareciam ser cipós de árvore bem finos... E sua boca estava tapada pelos mesmos.
E foi então que me lembrei que quando cheguei vi uma bola de futebol largada na calçada e que aquele garoto era o filho da vizinha de minha falecida tia.
Eu carregava comigo as folhas soltas do diário, que eu havia achado, e quando as enfiei no bolso eu ouvi uma voz familiar, a voz daquela coisa. "Hei, não vá fique mais um pouco... Aprecie comigo esta refeição." A voz era rouca, fraca e muito familiar... Mas eu sai correndo assim que ela sessou, sai pela porta da frente e subi em minha bicicleta, sem olhar para trás e pedalei como se fugisse da policia.
Eu cheguei na rua da minha casa e ao avistar meu portão eu cai como uma aleijada na calçada, de bicicleta, eu abri minha mochila para tirar uma dúvida que estava em minha mente, desde o momento em que comecei a correr para cá. Peguei os papéis e havia uma foto no meio deles, era uma das minhas tias, a que minha mãe e minha falecida tia, diziam ter morrido quando era pequena... Ela era linda, pele branca como porcelana, cabelos lisos e negros até os ombros, acompanhados de uma franjinha reta, um vestido rodado, e sapatos de verniz, de suas costas brotavam raízes, raízes secas e grossas que deviam ter crescido com o tempo.
Eu senti dó dessa minha tia, ela só queria ser normal, e viveu toda sua vida em um porão frio e úmido. Mas ela não tinha direito de machucar as pessoas. E tenho certeza que agora que ela estava livre, ela viria atrás de mim e de minha mãe. Deixe que ela venha... De qualquer forma ela não me machucaria... Eu quero conhecê-la. Talvez eu volte até a casa de minha tia amanhã...
Vamos ver se é verdade, que segredos de família, nunca morrem...
Escrito por: Claudia Lima Pereira
Boa e imprevisivel. Eu pensei que a menina era uma louca canibal com apetite por minerais. e_e
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