Um garoto de
mentalidade irrequieta.
Assim era
Jairo. Seus 13 anos pareciam ter sido dedicados à caça de problemas. Na
vizinhança, na escola, todos o conheciam e, ao pressentirem sua presença,
preparavam-se: algo com certeza ia ocorrer.
Uma
característica, no entanto, contrastava com a grande atividade mostrada pelo
garoto: era fanático por livros. Na linguagem dos amigos, um rato de
biblioteca. Realmente, era capaz de ficar horas folheando velhos manuais de
reconhecimento de borboletas, enormes atlas antigos ou qualquer coisa que
chamasse sua atenção.
Era um
verdadeiro alívio para os pais saberem que Jairo havia ido para biblioteca.
O que ninguém havia percebido, no entanto, é que muitas de suas idéias, com as piores conseqüências, haviam saído justamente daquele amontoado de saber.
O que ninguém havia percebido, no entanto, é que muitas de suas idéias, com as piores conseqüências, haviam saído justamente daquele amontoado de saber.
Chegara a
montar um pára-raios improvisado no barracão do quintal, utilizando velhas
pontas de ferro. E, por incrível que possa parecer, o projeto funcionou. Isto
é, ao menos metade, pois Jairo esquecera o aterramento. Havia sido pura sorte
que, durante a tempestade, alguns dias depois, não houvesse alguém no local,
literalmente destruído.
Agora Jairo
tinha achado algo mais interessante, que fugia de qualquer ciência: um livro. Na
verdade, um maço de folhas acerca do Voo-Doo caribenho.
Imergiu
naquele mundo de zumbis e bonecos que representavam pessoas. Fantasiou a
possibilidade de ser realmente verdade e não cogitou por muito tempo, partindo
para a prática.
Hábil,
costurou dois bonecos. Conforme o livro, os mesmos deveriam ter algo da pessoa
a quem representariam. Conseguiu uma mecha de cabelo da irmã, enquanto ela
dormia, e terminou o primeiro boneco.
Enquanto dava
os retoques no segundo boneco, pensava na segunda vítima. Distraído, acabou
perfurando o dedo com a agulha e resolveu terminar por então. Testaria o boneco
já pronto e, se não funcionasse, deixaria o risco de transformar sua mão em
almofada para agulhas.
Recitou as
preces macabras do livro e foi procurar Marina, a irmã mais velha que tanto
implicava com ele. Escondido, pegou a enorme agulha e tocou a perna do boneco.
A irmã imediatamente olhou para a própria perna, assustada. Jairo percebeu e
enfiou a agulha, fazendo com que a moça gritasse de dor. A mãe acudiu, mas não
encontrava nada que pudesse causar tanta dor a filha.
Jairo
segurava-se para não rir. Na verdade, ficara um tanto assustado, pois realmente
não queria machucá-la. Mas, a imaginar que poderia usar o segundo boneco para
representar o namorado de Marina e trabalhar com os dois juntos, não conseguia
conter o riso.
Saindo de seu
esconderijo, sentiu uma forte fisgada no braço, como se um prego tivesse ali
entrado. Nada havia. Na perna, uma dor ainda mais forte. Era como se estivesse
sendo dilacerad
o. Seu corpo começava a sacudir, sem controle. A mãe e a irmã
ficaram estáticas, chocadas.
Jairo consegue
ainda raciocinar e corre para o quarto. Era o outro boneco. Tinha seu sangue,
do ferimento da agulha. O boneco que sobrara era ele.
Mas não havia
mais tempo: Nero, seu Pastor Alemão, havia descoberto o brinquedo e o
destroçava, sem perceber seu dono partindo-se a cada dentada.
Vale a pena lembrar: NUNCA
BRINQUE COM FORÇAS QUE FOGEM DE SUA COMPREENSÃO...
Pessoal, aguardo seus comentários........
Grande abraço a todos........
Infelizmente, essas coisas acontecem. Me deu dó do Jairo, o "bichim" só queria brincar de Barbie e Ken.
ResponderExcluirPois é. Veja só no que ele se meteu por mexer com o poder do Lado Sombrio sem compreendê-lo...
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