Andrew estava deitado em sua cama, na escuridão iluminada apenas pela pequena quantidade de luz que a lua fornecia através do espaço entre as cortinas. Ele tentou escutar a criatura. Tentou escutar para descobrir se ela estava ali dentro com ele enquanto secretamente rezava para que tudo permanecesse em silêncio. O barulho horrível de vidro quebrando havia confirmado seus piores temores...a coisa tinha conseguido entrar em sua casa.
Com essa descoberta esmagadora, Andrew, agora tremendo, agarrou seu taco de beisebol de titânio e desceu as escadas na mais profunda escuridão, determinado a enfrentar isso de uma vez por todas, mas secretamente esperando que a criatura fugisse ao vê lo, como normalmente acontecia. O rapaz parou no pé da escada...ouvindo. No início, tudo o que ouviu foi o vidro quebrar sob os pés da coisa. Então, pela primeira vez, Andrew ouviu a criatura respirando pesadamente, como se sua garganta estivesse bloqueada por uma gosma. A coisa hedionda rosnou e foi, gradualmente, se aproximando de Andrew.
Agora, fora da cozinha, a criatura estava finalmente longe do vidro quebrado. Ela caminhava de maneira quase silenciosa, estranhamente mais ágil do que aparentava, especialmente considerando o quão desajeitada ela parecia quando fugia. Andrew percebeu o que deveria fazer. Ele segurou o bastão mais forte e... congelou, incapaz de se mover. Ele sabia que precisava atacar, mas simplesmente não conseguia. A criatura...seus dentes, seus olhos, sua pele... humana, mas não completamente. Ela estava na sala agora e se aproximava mais a cada segundo. Andrew ainda estava aterrorizado demais para se mover... mesmo sem braços, essa criatura era a personificação do terror para ele.
Andrew ainda estava no pé da escada, tremendo. Ele ouviu a criatura se aproximando... o som nauseante de sua respiração distorcida amplificada pela escuridão. Ela estava bem próxima... ele tinha uma chance de matá-la e não iria desperdiçá-la.
A coisa entrou na porta que antecedia as escadas. Andrew estava escondido do lado esquerdo da porta. Ele balançou com toda sua força, atingindo a criatura no peito com o bastão. Ela cambaleou para trás... em seguida, parou e olhou para o rapaz... seus pequenos olhos selvagens olhando dentro de sua alma. Andrew sentiu um profundo medo da criatura, diferente de tudo que já tinha experimentado. A coisa soltou um silvo gorgolejante para Andrew, mostrando todos os seus repugnantes dentes deformados no processo.
A criatura chutou Andrew no estômago, deixando-o enjoado. Ele caiu no chão de dor, incapaz de respirar e rolou de costas até se escorar contra a parede atrás dele. A criatura observou enquanto o rapaz rastejava até a parede, então caminhou em sua direção e olhou para ele como se estivesse julgando-o, deitado ali, desamparado. A criatura pisou em sua canela, quebrando-a. As lágrimas começaram a fluir dos olhos de Andrew... uma dor tão intensa que pensou que iria vomitar.
Andrew, agora incapacitado, não tinha para onde ir e nem como se defender. A criatura colocou seu pé no estômago do rapaz, pressionando e rasgando a carne com suas longas unhas sujas. Com o pé da criatura completamente dentro de seu estômago, Andrew começou a tossir sangue. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. Ele desmaiou de dor e, em seguida, morreu. A criatura estava parada sobre o que era, até o momento, um cadáver ensanguentado. A criatura se abaixou até o rosto do rapaz e arrancou um pedaço sangrento do queixo de Andrew, deslocando um lado de sua mandíbula no processo. A criatura continuou a rasgar e eviscerar o cadáver de Andrew até que tudo que ela pudesse comer havia sido devorado. A criatura, então, foi embora ... Calma. Silenciosa. Foi embora da mesma forma que entrou, através das portas quebradas do pátio...
Algumas horas depois o que sobrara de Andrew se move... Vários espasmos fazem a carcaça se debater incessantemente, uns pedaços fétidos que parecem carne, crescem sobre os ossos anteriormente expostos. E o que parecia impossível acontece: ele levanta e caminha em direção às portas quebradas e some na escuridão.
Dizem que as criaturas com "pele plástica" ainda estão por aí, famintas à procura de vítimas. Não se sabe quando elas atacarão novamente...
Final adicionado por: Ladydias
Fonte: http://sintoniaalcalina.blogspot.com.br/
Medo
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