+ BRUXAS E DEMÔNIOS +


Certos estudos Antropológicos defendem que a bruxa foi em tempos encarada como um ser sobrenatural, uma espécie de vampiro ou mais concretamente um «succubus» que á noite invadia o lar das pessoas, fosse na forma de um gato negro, ou de uma traça, ou de neblina, para ter relações sexuais com um ou mais dos humanos daquela casa, extraindo assim as forças vitais desses humanos para seu próprio alimento.

A bruxa, enquanto ser espiritualmente infernal e vampiresco, muita das vezes poderia atuar para beber o sangue ou extrair o esperma das suas vitimas, ou noutros casos, apenas alimentar-se da sua energia vital, o que causava um estado de grande debilidade, falta de forças e fraqueza generalizada das suas vitimas.

É desse tipo de lenda que nasceram diversas superstições que ainda hoje perduram, como superstições relativamente a gatos negros ou a traças.

Julgava-se na Idade Media, que o gato negro era na verdade uma bruxa que tinha assumido a forma daquele animal, e julgava-se que ao aparecer a uma pessoa, a bruxa na forma de gato negro estava anunciando que essa pessoa havia sido "embruxada". Dai que nos dias de hoje, se julgua injustamente que há má sorte ao ver ou cruzar com um gato preto.


Com as traças passa-se o mesmo. Em muitos locais, ainda se diz que ver uma traça dentro de casa é sinônimo de bruxaria. Tal superstição advêm das crenças medievais, nas quais se dizia que a bruxa entrava nas casas das suas vitimas sob a forma desse insecto, para depois atacar as pessoas enquanto elas dormiam.

Colocar uma vassoura ao contrário atrás de uma porta, ainda em certos locais é uma superstição que supostamente afasta pessoas indesejáveis de entrar naquela casa. Também essa superstição tem raízes na bruxa, pois acreditava-se que as bruxas tinham a capacidade de usar vassouras para se deslocarem até á casa da pessoa que iam atacar. Ao inverter uma vassoura junto da porta estava-se influenciando no voo do ser noturno (bruxa), afastando-a daquela residência.

De qualquer das formas, na antiguidade o bruxo era tido não como apenas um mero ser humano, mas sim um ser humano possuído por um espírito demoníaco, o que conferia a essa pessoa poderes sobrenaturais.

Uns acreditavam assim que a bruxa era invadida pelo demônio através de um pacto infernal, que era Inquisição na Idade Media, eram conhecidas por manter relações sexuais com o demônio, e por essa via obterem os poderes do diabo para poderem praticar todo o tipo de ações sobrenaturais ou mágicas. Geralmente o pacto era consumado através de união sexual entre a bruxa e o diabo.

Estas noções são na verdade herdadas das mais ancestrais tradições místicas hebraicas. Já no I Livro de Henoc é possível observar que a Bruxaria é praticada pela primeira vez quando Satã, Azazel e outros 198 anjos descem á terra. Na verdade, o I Livro de Enoch descreve como 200 anjos caíram, ou seja, abandonaram a esfera celeste e habitaram neste mundo. E assim continua o apócrifo Enochiano:

"Eles, tal como os seus chefes, tomaram as mulheres para si. Escolhiam quem queriam. Penetram-nas e desonraram-nas. Ensinaram-lhes bruxaria, fórmulas magicas e como cortar raízes e ervas para usarem nos seus conjuros (….) começaram [os anjos caídos] a revelar segredos mágicos ás suas mulheres."
I Livro Enoch

Segundo o I Livro de Enoch, no inicio da humanidade (após a expulsão de Adão e Eva do paraíso) alguns anjos estavam encarregados de vigiar o ser humano na terra, eles eram chamados vigilantes. Entre eles, encontrava-se Satã, Azâzêl, Samîazâz, Arâkîba, Râmêêl, Kôkabîêl, Tâmîêl, Râmîêl, Dânêl, Êzêqêêl, Barâqîjâl, Armârôs, Batârêl, Anânêl, Zaqîêl, Samsâpêêl, Satarêl, Tûrêl, Jômjâêl e  Sariêl.

Os anjos vigilantes passaram a desejar as filhas dos homens. Em conjunto, decidiram abandonar o céu para se unirem carnalmente às mulheres. 200 anjos desceram à Terra, escolheram as que quiseram e penetraram-nas e amaram-nas e por fim casaram-se com elas. Depois disso os anjos rebeldes ensinaram às suas mulheres os segredos das artes da magia em troca do sexo que com elas tinham, e assim nasceu a magia negra. Dessa união sexual também nasceram filhos: os neffilins.

'Deus' desaprovou tanto a fuga dos anjos e a união com as mulheres que lançou uma maldição:

I
as mulheres dos anjos seriam mortas, bem como os seus filhos;
II
não só perderiam para sempre as suas mulheres e filhos, como próprios anjos caídos seriam para sempre espíritos sem descanso nem paz aprisionados num dos cantos do reino dos mortos;
III
os espíritos dos filhos que nasceram do amor entre os anjos e as mulheres, (entretanto mortos no dilúvio), passariam a ser espíritos terrenos, impuros e maus.

Segundo Enoch, é neste momento que nascem os demônios. Rezam as crenças Enochianas, que os anjos caídos e os seus filhos continuam vagando neste mundo, amando as mulheres, desejando a carnalidade com elas,  e concedendo-lhes o seu poder e sabedoria. Essas mulheres chamam-se bruxas, e os homens que por causa dessas mulheres possuem uma aliança com esses espíritos chamam-se bruxos.

Os demônios concedem às bruxas:

I
Conhecimento sobre o passado, o presente e o futuro
II
Saber sobre as propriedades secretas tanto de ervas como de pedras que servem de base ao fabricação de pós ou essências místicas.
III
A alteração de certos eventos, (tanto a nível de fenómenos naturais, como na vida das pessoas), através da sua ação ou influencia sobrenatural sobre esses mesmos, a pedido da bruxa e com a finalidade de causar a concretização de certa finalidade.

Os espíritos terrenos manifestam-se nas bruxas através de incorporação (incorporação sucede quando um espírito desencarnado habita momentaneamente no corpo de um humano, ao mesmo tempo que a alma desse mesmo humano) que é permitida através do processo de possessão voluntária, sendo que essa é angariada através da carnalidade.

Sobre tal tipo de processos místicos entre bruxas e demônios, recomenda-se leitura do Malleus Maleficarum e sobre o Sabbath. Ora, verifica-se assim que a mais ancestral teologia hebraica revela que a bruxaria foi oferecida ás mulheres em troca do ato sexual com os anjos caídos, e assim nasce a arte da bruxaria tal como ela é conhecida.

Tanto as visões teológicas medievais, como as revelações místicas e apócrifas, são unânimes  em encarar as bruxas como consortes (esposas) do Diabo, muitas das vezes apelidando as bruxas de "prostitutas do Diabo", ou "amantes do Demonio", etc... Um meio esotérico por via da qual se obtêm poderes ou favores dos "filhos das trevas"

Devido à forma essencialmente sexual por via da qual alegadamente as bruxas compactuariam com o Diabo para obter os seus poderes, as perseguições da Santa Inquisição Católica incidiram fundamentalmente numa violenta perseguição ás mulheres (especialmente as mais atraentes, pois essas eram consideradas uma verdadeira tentação do demonio) e seriam espiritualmente mais passivas de serem seduzidas pelo demônio através da grande tentação dos prazeres carnais.

A sedução satânica era considerada uma sedução realizada pelo Diabo ou pelos dos seus demônios, numa tentativa desses se infiltrarem nos corpos dos que se lhe oferecessem, assim possuindo-os. O que essas pessoas ganhariam em troca de serem possuídas através do sexo com os demônios, seriam poderes sobrenaturais, poderes ocultos cuja a fonte reside no poder satânico do próprio Diabo.

Satã é um anjo caído, e sendo anjo é um espírito. Pois sendo um espírito, Satã não tem corpo nem sexo. No entanto, foi considerado ou convencionado pela teologia religiosa como sendo um ser de essência masculina que ora procurava seduzir lindas mulheres a entregarem-se-lhe em troca da concessão de poderes sobrenaturais, ora procurava por homens que auxiliando-o na sua missão de corrupção e tentação, pudessem servir a Satã, ou seja, que trabalhassem para corromper belas mulheres a fim de as entregar á luxúria do demônio, sendo que por essa via também esses adquiririam poderes místicos infernais (bruxo).

Por isso mesmo, consideravam os manuais inquisitórios que o Diabo ou Satã:

I
 procurava ter relações sexuais essencialmente com mulheres bonitas e com maior apetite sexual,  tal como Eva teve relações com Lúcifer, ou outras mulheres tiveram relações com Satã e Azazel, em troca das quais receberam sabedoria e poder. Tal como aconteceu no passado histórico descrito nos escritos de Enoch,  essas lindas, desejáveis e lascivas mulheres  eram o «alvo» preferido do demônio, ao passo que as mais permeáveis á tentação da carne, sendo essas as bruxas;
II
ou então que o diabo procurava também homens que aceitassem servi-lo. E os homens poderia faze-lo submetendo-se ao poder do Diabo. Por via dessa submissão, renunciavam a Deus e oferendavam as suas belas mulheres o demônio, tal como Adão aceitou mansamente que Eva fosse amante de Lúcifer (dessa relação nasceu Caim), ou da mesma forma como os descendentes da tribo de Caim aceitaram que Satã, Azazel e os restantes 198 anjos caídos fossem amantes das suas esposas em troca de grande poder, saber e prosperidade; assim, acreditava-se que o homem que em troca de poder sobrenatural,  compactuasse e participasse como o demônio na sua luxúria, tornar-se-ia seu servo e sacerdote, sendo esses os bruxos.

Dizia-se que dessas relações carnais nascia o pacto satânico que facultava os poderes sobrenaturais que as bruxas e bruxos possuíam, que eram na verdade os poderes das trevas, ou o «dom das trevas». Acreditava-se também que eram nas missas negras e nos Sabbath, que o pacto demoníaco era não só selado, como ciclicamente celebrado e repetido para agrado dos prazeres demoníacos.

Segundo tais versões mitológicas, uma bruxa seria sempre o resultado de um fenómeno de possessão consentida, ou seja, um espírito de bruxaria possuía a bruxa ou o bruxo, não contra a sua vontade, mas sim através de um ato de entrega voluntária por parte desses.


Na verdade, havia mesmo quem defendesse que essas bruxas e bruxos não possuíam poderes «em si» e «por si», mas antes eram consortes ou amantes do Diabo e que por isso, podiam invocar os favores de Satã ou da sua corte de anjos caídos, para realizarem as suas obras magicas neste mundo.

As teses que professavam que a Bruxa nascia de um Pacto com o Diabo assinado em sangue (sangue da própria bruxa) e celebrado através de sexo (com o próprio corpo da bruxa que assim se prostituía ao demônio), alegavam igualmente que uma das características identificativas das bruxas (de acordo com os manuais inquisitórios) é a «marca da bruxa».

Essa marca corporal confirmava que a bruxa era na verdade uma bruxa. A marca não pode ser um sinal de nascença, mas sim algo adquirido no momento em que o Diabo assume poder sobre essa pessoa, ou que o demônio escolheu essa pessoa para ser seu servo, aliado e sacerdote.

A «marca do Diabo» é um sinal deixado pelo demónio no corpo da bruxa como forma de assinalar a obediência dessa pessoa para com o Diabo. Tradicionalmente, acreditava-se que a «Marca do Diabo» era criada de diversas formas: ou pelas garras do Diabo ao passar pela carne do seu servo, ou pela língua do Diabo que tocando o individuo, lhe deixa a marca demoníaca.

Professava-se por isso que a «marca» podia-se manifestar em diversas formas: Uma verruga, uma cicatriz, um sinal, e especialmente um pedaço de pele totalmente insensível.

Nas teses ocultistas de magia negra, a «marca da bruxa», ou o «sinal do Diabo», possui o nome de: a «marca de Caim».

Hoje em dia muitos ocultistas acreditam que a «marca do diabo» não é na realidade uma marca física que é impressa pelo demônio no corpo da bruxa, (tal como um selo é marcado com ferro em brasa na carne de um animal), mas antes trata-se de uma marca espiritual que fica impressa na alma da bruxa, ou seja: o seu «nome espiritual», ou o seu «nome demoníaco», por oposição ao seu nome de baptismo cristão.

Alegam essas teses ocultistas, que quando um pacto é realizado, o demônio que apadrinhou uma bruxa concede-lhe um «nome espiritual», que é um «sinal» que ficará marcado para sempre no espírito de quem vendeu a alma ao Diabo. É com esse nome que a bruxa passará a viver, a trabalhar nas artes da bruxaria, e mesmo será recebida no mundo dos espíritos depois da sua morte neste mundo.

Outras crenças porem, apontavam para a natureza demoníaca da bruxa, defendendo que a bruxa já nascia bruxa, ou seja, a bruxa já nascia com um com um espírito de bruxaria dentro de si, pois tinha sido fruto de uma união sexual impura entre um humano e o demônio. Segundo essas teses defendidas em alguns manuais inquisitórios, a bruxa era um ser condenado, pois a alma humana da bruxa, ao conviver intimamente (desde a nascença) com o espírito demoníaco que habita no corpo dela, era uma alma impura, uma alma contaminada pelo espírito de feitiçaria, uma alma contagiada pelo espírito das trevas que habita no corpo da bruxa, uma alma condenada a não ingressar no céu e a permanecer eternamente aprisionada nesta terra. Dizia-se por isso que alma da bruxa nunca descansaria em paz após a morte, vagando neste mundo, procurando prazeres carnais, procurando instigar a atos de bruxaria, apadrinhando outros bruxos, atacando vitimas inocentes, etc.

Prova dessa mesma noção, encontramos no antigo Livro de São Cipriano, (Cap. V – Poderes ocultos – Secção 11,  p. 183), onde o santo depois de ter renegado a bruxaria e se ter convertido á fé em Deus, ainda foi atormentado por fantasmas que eram os espiritos de bruxas mortas,  vagando sem descanso por este mundo. Por isso mesmo a bruxa era queimada, pois julgava-se que pelo fogo era possível expulsar o espírito demoníaco daquele corpo, ao mesmo tempo que enviando a alma condenada da bruxa aos infernos de forma a que ela não pudesse regressar a este mundo para atormentar "os fieis de Deus". Outra forma de evitar que o espírito da bruxa regressasse a este mundo era amarrar o corpo da bruxa a uma pesada pedra e atirar a bruxa a um rio, ou a um poço, ou a um lago, acreditando-se que assim a alma da bruxa permaneceria enclausurada no corpo, não podendo abandona-lo para regressar a este mundo e «vampirizar» as pessoas.


Tais versões teológicas existentes na idade media, defendiam por isso um certo tipo de praticas medievais de combate á bruxa um certo tipo de forma de eliminação do espírito demoníaco da bruxa, da mesma forma que se defendia que um vampiro apenas poderia ser morto trespassando o seu coração com uma estaca e cortando a sua cabeça, ou que um lobisomem apenas poderia ser eliminado através do uso de prata e da sua degolação, ou que um demónio apenas poderia ser expulso deste mundo através do ritual de exorcismo e água benta, ou que o Diabo apenas respeitava o poder da cruz de Cristo.

Bruxas, vampiros, lobisomens, demônios e o próprio diabo, eram rotuladas criaturas da noite, todas elas vistas por uns como seres condenados e a eliminar , e por outros como forma de produzir algum tipo de resultado na sua vida. Seja como for encarada a origem da bruxa, acreditava-se que ao encomendar um trabalho a uma bruxa, estava-se encomendando o trabalho ao demônio que habitava nela, e em última instancia, ao próprio diabo, pois a bruxa era um representante do diabo na terra.

6 comentários:

  1. as mulheres atraentes eram consideradas bruxas por serem uma verdadeira dentação do diabo? :'( de tanto ri. Eu condero as bruxas seres do bem. Como alguém q ama a lua, os animas e a natureza possa ser uma criatura do mal? Enquanto muitos foram queimados em nome de JC?

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    1. Concordo com vc Anna. ^^
      Esse texto é uma explicação do pq qndo se fala em bruxas a maioria das pessoas já associam à mulheres feias com verrugas e más.

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    2. graças aos irmãos Grimm e ao Chaves q contribuiram muito pra isso;-) Só pra deixar regestrado, o texto tá super interessante.

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  2. Ladydias dá uma olhada nisso >http://contoselendas.blogspot.com/2004/07/lcifer.html< Não tem nada a ver com o post mas é um clássico super interessante.

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    1. O.o Nossa! Adorei Anna! É tipo: o mal está nos olhos de quem vê... Muito bom!

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