Zangbeto é o espírito guardião da noite venerado pelos Pla, no Sul do Benim. A sua máscara inspira terror e respeito.
Na cultura ocidental, as máscaras servem para esconder o rosto, para assumir uma personalidade diferente daquela que se tem. Em África, pelo contrário, a máscara representa um deus, um espírito ou um antepassado. Ao colocá-la, o homem torna-se um espírito benévolo ou malévolo, pois com ela assume as características de quem representa. A metamorfose de um homem através da máscara é exigida pela população. Na sua apresentação pública, o mascarado suscita momentos de hipnose colectiva. A máscara torna-se assim um medium que põe em contato o sobrenatural com o humano, abolindo todas as distâncias. Esta função extremamente religiosa da máscara africana não exclui fins práticos. Ela serve para fazer observar certas leis, educar os jovens, aplacar discórdias.
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Zangbeto em uma cerimônia. |
A sua origem é mítica. Diz-se que três irmãos andavam em guerra entre si; os dois mais velhos opunham-se ao mais jovem; este, na noite antes da derradeira batalha, teve um sonho: uma figura sobrenatural aconselhou-o a cobrir-se de palha e, com os seus homens, correr de encontro aos inimigos, fazendo-lhes acreditar que eram fantasmas. O embuste funcionou, os irmãos fugiram e o jovem tornou-se senhor do reino. A máscara de Zangbeto é um tributo a essa vitória e, como tal, se tornou objeto de veneração. Porque é de palha, a máscara, durante as danças, não se pode chegar junto do lume, por razões óbvias. As mulheres também não podem entrar no convento onde a máscara é guardada. O motivo desta proibição ninguém é capaz de o explicar.
As danças da máscara de Zangbeto fora do convento têm por finalidade a purificação do povo, o afugentamento dos males para longe e o pedido de protecção. Prova disso são os prodígios que ela efetua durante as danças, como, por exemplo: homens esmigalham garrafas de cerveja e engolem os pedacinhos juntamente com o líquido sem se machucarem; outros lambem uma barra de fero em brasa sem se queimarem e há mesmo quem espete plantas espinhosas no peito sem derramar uma gota de sangue. As populações das margens do rio Mono descobriram Zangbeto e adotaram-no como guardião, crítico, polícia e juiz. Não nos surpreendamos, por isso, se o seu rosto não é humano, mas com aparência de um qualquer animal ou objeto sagrado. A justiça tem de estar acima de tudo e quem está dentro da máscara e o que a anima não é um simples homem. Zangbeto representa justiça para os homens mas está acima dos homens. Nisso reside a sua força e a atualidade do seu culto.
Um dos mistérios que sempre intriga os estudiosos é que os participantes do ritual afirmam que dentro da "roupa" de palha não há nenhum homem e que as entidades se manifestam somente na matéria inorgânica para a comunicação falada e gestual.
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Parte interna da "roupa" de palha. |
Na parapsicologia existe um fenômeno que é constantemente relacionado ao ritual, a telecinese, a capacidade de mover objetos através da mente, esta relacionada aos movimentos exercidos pelas ocas de palha. Mas uma questão que podemos enfatizar é: como, mesmo que coletivamente, tais ocas podem movimentar-se já que sua proporção é avantajada diante dos relatos de experimentos telecinéticos? Uns chamam esses ritual de um culto de ilusionismo, outros de a ação de telecinese grupal e outros acreditam na ação realmente de espíritos/entidades. Mas até hoje isso é um mistério...
Veja os vídeos a seguir e tire suas próprias conclusões:
Algumas imagens do ritual:
http://www.alem-mar.org/
http://nomiresbajolacama.blogspot.com.br/
http://africaespiritualista.blogspot.com.br/
http://bernardoleal.blogspot.com.br/
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