Você nunca está sozinho


Lembra quando você era jovem, embalada com cobertores acima do seu queixo olhando de relance aquele canto escuro da sala… você jura que viu algo se mexer. Mas só havia escuridão, então, de nenhuma maneira, você conseguia ver o que estava lá. Olhando por um longo tempo, você percebe uma silhueta. É quase humano, quase.

Lembra da sua mãe costumava dizer-lhe que monstros não eram reais?

Ela mentiu ou não sabia da verdade.

Essas coisas escondidas na mais profunda escuridão são reais. Eles são perigosos. Mas eles só atacam quando você sabe que eles estão vivos, que estão ali. Opa, talvez eu não devesse ter contado.

Meu primeiro encontro com eles ocorreu quando eu tinha três ou quatro anos. Nós vivemos em um lugar alto, um apartamento com uma vista deslumbrante das montanhas e da cidade abaixo de nós. Minha melhor amiga na época, Michelle, vivia no apartamento ao lado, e nós passávamos mais tempo juntos do que separados.

Naquele dia, ela entrou em meu quarto entusiasmada com as novas bonecas. ”Temos que brincar com as minhas novas bonecas!”, Ela gritou. Eu recusei. Gostava mesmo era de dinossauros e insetos. Michelle indignada foi embora. Pouco tempo depois avistei uma sombra no meu campo periférico. Gritei com toda infantilidade do mundo que não queria brincar achando que era Michelle. Mas não era… observei uma silhueta, na escuridão da sala, parecia me encarar. Essa é a minha primeira lembrança da minha maldição.

Conforme os anos foram passando, comecei a acreditar que o Povo de Sombra eram meus amigos, ou até mesmo meus protetores, como anjos da guarda. Mas, então, as noites tornaram-se aterradoras. Comecei a ver as pessoas de sombra nitidamente nas trevas do meu quarto. Um deles me arremessou longe quando resolvi partir para briga.  Outros, contudo, apenas andava pelas trevas, de um canto escuro para o outro, sem muito proposito.

Tempo depois comecei a escutar ruídos. Eram como o vento acariciando as folhas das árvores até que se tornaram sussurros. E quanto mais audível ficava, menos compreendia. Era uma língua que eu não conseguia entender, palavras que produziam sons incomuns, diferentes das nossas. E eles perceberam que eu escutava e cada vez mais, eles surgiam e se amontoavam na escuridão aonde a luz não atingia. Era uma multidão berrando uma língua incompreensível. Não podia mais apagar as luzes.

Corria para cama de meus pais e sacudia-os  até acordá-los. Claro, eles não acreditavam, tentando convencer-me que era apenas um sonho ou a minha imaginação.

Mas eu sabia que era o povo de Sombra. Eles me acompanham até hoje com seus sussurros. Acho que eles querem me levar para escuridão. Muitos de vocês já viram eles, mas negam a sua existência e talvez, por isso, eles sumam, não sei explicar. Talvez seja procurem por um tipo especifico de pessoa. Nada é claro. Siga o meu conselho, fique atento as sombras. Há muito mais nelas do que você imagina. Acredite, você nunca está sozinho...

Fonte: http://ahduvido.com.br/

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