Quando você puder ver além...

Esse relato foi encontrado na casa de Hayden [sobrenome removido]. Ele foi encontrado dentro de seu apartamento, duas semanas após sua morte.
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Em uma tarde tranquila, numa cidade movimentada, normalmente, o ar cheirava a poluição e querosene, sentei-me na janela do apartamento, fiquei olhando para fora, questionei pra que eu precisava levantar-se todas as manhãs. À beira da loucura, medicamentos percorrendo meu corpo, o meu mundo desmoronando ao meu redor. Sentei-me em silêncio, balançando o corpo para trás e para frente, abraçando meus joelhos. Estou realmente vendo isso? É real? A pergunta que me faço todos os dias. Minha mente estava confusa, balancei a cabeça, esfreguei os olhos, sem acreditar, eu não tinha certeza, se eram apenas alucinações, ou uma criação de minha mente perturbada.

Uma silhueta escura, envolta por um casaco pesado, cabeça coberta com um chapéu escuro. O rosto da figura não era visível. Ele estava curvado, seu movimento natural, os músculos de seus braços e pernas se contorcendo. Ele avançou para mais perto de mim. O mundo em torno dele se passa em câmera lenta. Lhe dei uma olhada rápida, seu chapéu escondia uma grande parte de seu rosto, exceto uma parte: Seu sorriso... Eu tremi de medo. Ele me perturba. É difícil para mim descrever isso, a memória me assombra até hoje, mas minha história precisa ser contada, eu creio que devo contar. Sua boca imita a decadência, os cantos são cortados esculpindo em um sorriso permanente, expondo suas gengivas podres, seus dentes esculpidos em formas podres, salientes. Corri para o meu quarto, me enrolei nos lençóis. Quando sinto o anoitecer cair em torno de mim, me desespero, as sombras vêm.

Coloquei a cabeça para fora do quarto, meus olhos vagaram pelos corredores escuros, em todos os cantos havia sinal da criatura terrível, eu não posso mesmo o considerar um homem, apesar de sua forma vertical. Enchi um copo com água fria e engoli rapidamente, uma sensação incômoda à algum tempo esquecida, misturada com medo que morava em minha mente. Olhando para toda a sala escura eu não pude deixar de notar uma luz vermelha piscando. Verifiquei minhas mensagens na secretária eletrônica. "Ei, Hayden? Há um pacote em meu escritório, venha buscá-lo. Ninguém viu quem deixou, mas pode ser importante." a voz mecânica do meu chefe ecoou da máquina. Me troquei e a passos lentos saí.

O prédio estava em ruínas. O papel de parede desgastado, as paredes descascadas, colunas velhas penetravam no teto. Eu estava nervoso, a forma como as luzes piscavam devido a fiação defeituosa. Calafrios percorreram minha espinha, ouvi um barulho que pareciam de ratos arranhando as paredes. Bati duas vezes, na porta do meu chefe, mas não ouvi nenhuma resposta, apenas um zumbido de estática. Minha curiosidade foi o maior que eu, então abri a porta, o medo que me forçou a entrar. Meus olhos não podiam acrditar! Ví a silhueta na escuridão, era possivel vê-la por trás da cadeira. "Mr. Kelly? Você está bem? Posso pegar meu pacote ...?" Eu chamei, na esperança de que ele iria responder. Fiquei parado alí parecia  uma eternidade, uma súbita onda de coragem percorreu minha espinha e puxei a cadeira reclinável... Meu queixo caiu, fiquei ofegante, deixei um grito abafado escapar minha garganta.

Eu estava com muito medo. O que quer que tenha feito isso com ele, poderia ainda estar vagando pelos corredores. O pobre coitado, meu chefe agora se parecia com uma das criações grotescas da minha mente perturbada. Seus olhos estavam ocos, a carne de seus músculos e nervos penduradas, destruídos... o vazio  de seus olhos, os olhos em si não existiam mais foram puxados com força de seu crânio. Eu não tinha como  ajudá-lo... Quando vi a boca tive vontade de vomitar, era semelhante à aparição que eu vi, acenando para mim, provocando-me com a sua existência. Sua boca rasgada manchava as gengivas, deixando-o com uma imagem podre. Seus dentes, individualmente arrancados, com uma torção nova perturbadora, o sangue escorria. Pedaços de carne foram esculpidos em seu rosto, para dar espaço para os dentes recolocados, dispostos em linhas desleixadas, ficou demente. Eu caí para trás em choque segurando o resto de sanidade que me restava. Eu não podia acreditar! Me perguntava aquilo era real. Estremeci silenciosamente com o vento frio que entrara pela janela. A estática soou aos meus ouvidos, a televisão ainda estava ligada. Me perguntava se eu havia ligado a televisão... a estática ficou mais alta e parou abruptamente.

A televisão rodava um vídeo da fita de vigilância que parecia ser de uma semana antes. Ela mostrava um homem, vestido com um casaco escuro e um chapéu, de pé na frente de um apartamento... pulei para trás, assustado ao ver a aparição mais uma vez. Mas, para meu horror, a câmera deu um zoom num número, mostrou 356, era meu apartamento! Limpei as lágrimas de medo de meus olhos e o vídeo continuou. Ele mostrou uma progressão de vídeos de lugares em que eu estive. Então, tão rapidamente quanto o vídeo reproduziu, ficou estático novamente, e foi substituído pelo vídeo da morte do Sr. Kelly. Ele sentou-se, em sua cadeira, assim como seu corpo está agora, só que no vídeo ele estava mole, como tivesse intoxicado com alguma droga. Suas mãos estavam amarradas atrás das costas, e eu ví uma figura escura aparecer no fundo. A tortura se seguiu, mas não rápido o suficiente e eu pude ver o sorriso sádico da figura.

Meus pés batiam no tapete podre, eu me repreendi, mas eu não poderia ajudá-lo olhei para trás, por cima do meu ombro, a figura tão temida. Ele sorriu para mim e só agora pude ver seu rosto inteiro.

"Ele era eu!"

Apenas, uma imagem grotesca e perturbadora de mim mesmo. Seu chapéu foi removido, mostrando o couro cabeludo sujo careca, com camadas de cicatrizes, e crostas. Seus olhos estavam costurados, formando duas linhas curvas de cicatrizes em seu rosto. Ele sorriu para mim, sua voz ecoando com uma monotonia profunda, "Nós somos o mesmo ser." Eu corri o mais rápido que pude, meu coração batendo forte de tanto medo, adrenalina percorreu meu corpo. Bati a porta, coloquei os móveis ​​na frente da porta, fiz uma barricada dentro do meu apartamento. Minha mente gritou para eu acabar com ela, eu ouvi àquilo chamar meu nome mais e mais em uma voz arrastada. Ele riu, já estava na frente da minha porta, eu senti sua presença me ameaçando. Corri para o banheiro, trancaquei a porta, senti meu corpo pesado e cai. Havia apenas mais uma esperança para mim ... Corri para o meu quarto, em frente ao banheiro... e peguei a corda debaixo da minha cama ...
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Estes fatos foram retirados do relatório da polícia. Após a inspeção do imóvel, que encontraram um corpo de um homem, caucasiano, pendurado em uma viga do quarto da vítima. Nós suspeitamos que foi um suicídio, devido à doença mental, encontramos uma caixa quase vazia de medicamentos de prescrição, com dois comprimidos consumidos. Relatos de testemunhas afirmam que o jovem, Hayden, foi visto passeando pelos corredores, desorientado e assustado. O corpo do seu chefe também foi encontrado, dentro do complexo. O corpo foi severamente mutilado, e acreditamos que a vítima tenha assassinado o homem, antes de cometer suicídio. Também examinamos seus registros, e seu psicólogo acredita que ele sofria de alucinações, e confirmou que a vítima deixou de tomar a medicação para o dia.

Doença mental ou perseguição por seres sombrios?

Fonte: Creepypasta Wiki

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