Jogadores do Jacareí afirmam que moram com fantasmas


Atletas do clube da quarta divisão de São Paulo relatam casos misteriosos em estádio construído em cima de cemitério indígena.

Nas paredes de um corredor largo e escuro, sombras acompanham o andar apressado do grupo de jogadores. Com lanterna em mãos, eles entram nos alojamentos do estádio Stavros Papadopoulos, em Jacareí, interior de São Paulo, e fecham a porta rapidamente.

Se puderem, sairão dali somente quando amanhecer. A intenção é evitar a situação que soa como lenda, mas que eles garantem já ter vivido: escutar barulhos misteriosos e se deparar com vultos pelos corredores.

Contratados para defender o Jacareí Atlético Clube no Campeonato Paulista da Segunda Divisão (equivalente à quarta do estado), 22 atletas, com idades entre 17 e 24 anos, moram nos dormitórios que ficam embaixo das arquibancadas.

Bebidas, pipoca, um vaso quebrado e uma carta
são oferendas colocadas ao lado do estádio. 

Pelo sonho de conquistar a ascensão no futebol, aceitaram encarar o desafio de morar nos alojamentos com condições precárias. O que não sabiam antes de assinar contrato, porém, é que viveriam em um estádio construído em cima de onde já existiu, em séculos passados, um cemitério indígena. E que ao anoitecer o local se torna assustador.

Luzes, por exemplo, só existem dentro dos alojamentos, do banheiro e da cozinha. Nos corredores, na arquibancada e no gramado, a escuridão é total durante a noite. Ratos frequentemente são vistos circulando. E pelos arredores do estádio, oferendas para rituais de magia negra ficam escondidas atrás de moitas.

O historiador e ex-prefeito de Jacareí, Benedicto Sérgio Lencioni, autor de oito livros sobre o município, é quem revela o passado do local. Segundo ele, o estádio está em uma região onde existia, há muito tempo, um sítio arqueológico indígena. Fato que o presidente do clube, Iedson Pereira, aponta como um dos possíveis motivos para as assombrações.

- Os meninos contam histórias que acontecem durante a noite no estádio. Realmente, às vezes nós escutamos alguns barulhos e não vemos nada. O pessoal fica meio assustado com isso - contou o dirigente.

As histórias vão desde sons misteriosos até a aparição de espíritos no quarto dos atletas. O meio-campista Éderson, de 24 anos, é um dos que já viveram essa experiência. Da primeira passagem pelo JAC, em 2009, guarda uma recordação marcante. E nada agradável.

A mulher do alojamento

O meia Éderson em um túnel que dá acesso ao gramado.
Era noite, e, em meio à escuridão do Stavros Papadopoulos, Éderson e um ex-zagueiro do time, Douglas, dormiam no alojamento dos fundos do estádio.

Quando o relógio marcava três da madrugada, Éderson despertou. Abriu os olhos e viu um vulto branco ao lado do colchão do amigo. Assustado, forçou a visão, e o vulto se tornou nítido. Uma mulher estava ali. Em questão de segundos, ela trocou olhares com o meio-campista e deixou o quarto.

- No outro dia, peguei meu notebook e vi, no canto da tela, uma foto. Cliquei e abriu o rosto de uma mulher. Pensei que alguém tivesse usado o computador e salvado aquela imagem. Perguntei para os meus colegas se alguém tinha mexido no notebook, e todos negaram - relembrou o atleta.

Passados alguns dias, Douglas contou para Éderson que tivera pesadelos e sentira o corpo pesado. O meia, então, falou sobre o episódio da madrugada e perguntou se o companheiro havia se envolvido com alguma mulher.

Ao ouvir como resposta “minha ex-noiva”, ele pediu as características da jovem. A descrição impressionou. É a mesma da foto e da imagem que apareceu no quarto.

- Para mim, essa coisa de espíritos não faz diferença. Mas, na hora que você vê, fica receoso porque não sabe o que é.

Quando cheguei aqui, sempre conversava com meus pais no telefone que fica na beira do campo. Era mais de meia-noite, e eu sentia que tinha gente atrás de mim, me observando.

Atletas ficam conversando nas arquibancadas dizem ver, durante a noite, vultos no campo.

Olhava e nada. Meu corpo inteiro se arrepiava. Quando você vê essas coisas, fica meio assim. Não estamos acostumados a ver isso, mas pude comprovar que é verdade - afirmou Éderson.

Em busca de ‘noites’ melhores

Apesar de viverem em um estádio cercado por histórias misteriosas, alguns jogadores dizem nunca terem presenciado nada de estranho. Não negam que o ambiente é sombrio durante a noite, mas, para a maioria deles, isso é apenas mais um obstáculo a ser superado na luta por um futuro próspero no futebol.

Os atletas pertencem à empresa Conexão Esportes, de São Paulo, que tem parceria com o clube da região do Vale do Paraíba. Vieram de diversos estados do país para tentar colocar o JAC no Campeonato Paulista da Série A3.

Dormitório dos atletas no estádio Stavros Papadopoulos.
Desde que foi fundado, em 1980, o Jacareí tem como sua maior conquista o título da Segunda Divisão Paulista (à época, equivalente à Série A3), em 1988. Neste ano, a equipe está no Grupo 7 do Campeonato Paulista da Segunda Divisão.

- Temos que passar por isso para conseguir algo melhor. É preciso roer o osso primeiro para depois comer o filé mignon - resumiu Eddi, goleiro do time.

Fonte: http://arquivosdoinsolito.blogspot.com.br/

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