Tendências Suícidas

Você vai demorar trinta minutos para ler essa reportagem. A cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).


Os comportamentos suicidas normalmente ocorrem em pessoas com transtorno bipolar, depressão, dependência de drogas e também esquizofrenia. Estas pessoas estão tentando fugir de alguma situação da vida que parece impossível de se enfrentar. Normalmente elas não sabem onde encontrar ajuda e também não acreditam em soluções.

Uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Para órgão o problema é grave, já que este dado é superior ao número combinado das vítimas de guerra e assassinatos. A Delegacia de Homicídios (DIH), com sede em Goiânia, registrou, em 2011, 81 casos de suicídio, em 2012 esse número chegou a 52.

Mas o que leva uma pessoa a cometer um ato suicida? A perda de um ente querido, problemas financeiros, ou uma angústia no peito que parece não ter remédio para aquele que sofre do mal da depressão? Para o psicólogo e presidente do Conselho Regional de Psicologia (CRP), Wadson Arantes Gama, a tendência suicida pode ser explicada, mas é preciso tratar o tema com cuidado, pois existem diversos fatores que podem justificar o ato suicida.

De acordo com Wadson, existem vários perfis de pessoas que possuem tendência de tirar a própria vida. Ele explica que fatores biológicos, genéticos, psicológicos e sociológicos estão relacionados com o desejo de se matar. O fator biológico interfere nas pessoas fazendo com que alguns indivíduos possuam certa vulnerabilidade para suicídio. Estas, possuem baixos níveis de serotonina (neurotransmissor que atua no cérebro regulando o humor e também funciona como “combustível” do prazer no corpo humano) e dopamina (outro neurotransmissor que também produz sensações de satisfação e prazer).

Outro fator é genético. Segundo o psicólogo, existem estudos genealógicos que confirmam que a propensão para o suicídio pode decorrer de uma transmissão genética. “Existem sim a possibilidade de a genética ter influência no desejo que alguém sente de tirar a própria vida. É importante ressaltar que genética não pode ser confundida com hereditariedade”, alerta o psicólogo.

O perfil psicológico do indivíduo também aponta para possíveis tendências suicidas. Dessa forma, pode-se explicar que algumas se matam devido a uma sensação de abandono em relação ao mundo que os envolve. Pessoas que possuem perfil suicida também podem ter passado por dificuldades durante a vida e não conseguiram lidar com estes problemas.

“É possível notar que a pessoa possui tendência suicida quando ela não consegue lidar com fatos ruins que aconteceram ao longo de sua vida. A morte de alguém muito querido, a perda de um emprego. Isso leva a pessoa a apresentar um perfil psicológico de alguém depressivo que pode praticar um homicídio contra si mesmo”, afirma Wadson.

A questão sociológica também justifica, em parte, casos de suicídio. “O meio social que vivemos influência na nossa personalidade”, diz o psicólogo. Por este motivo, vemos que as taxas de suicídio diferem em número de região para região.

E por mais paradoxal que possa parecer, países mais desenvolvidos apresentam número maior de pessoas que tiraram a própria vida. Segundo a OMS, as taxas de suicídio mais elevadas são a dos países do leste da Europa, como Lituânia ou Rússia, enquanto as mais baixas se situam na América Central e do Sul, em países como Peru, México, Brasil ou Colômbia. Estados Unidos, Europa ocidental e Ásia estão na metade da escala. Não há estatísticas sobre o tema em muitos países africanos e do sudeste asiático.

Fatores de risco

Segundo Wadson, é possível notar que uma pessoa pode cometer um atentado contra a própria vida por
meio de sinais apresentados por estes indivíduos. Ele explica que quem comete ou tenta cometer suicídio, na maioria das vezes, demostra sinais de depressão.

Segundo o psicólogo, os sintomas da depressão são diversos e podem passar despercebidos, ou não, dependendo de cada indivíduo. Entre os sinais, estão insônia, desleixo com a aparência, falta de vontade de trabalhar, ter relações sexuais, comer e até tomar banho.

“É claro que não podemos generalizar. Nem sempre insônia, falta de apetite sexual significa depressão. Esta doença é gerada por uma série de fatores. Mas é importante ficar atento os sintomas citados para diagnosticar o problema”, pontua Wadson.

Tristeza X Depressão

O psicólogo informa que é comum que as pessoas confundam tristeza com depressão. Ele diz que muitos pacientes procuram seu consultório acreditando estar com depressão, no entanto, eles estão apenas tristes. “Podemos definir a depressão como um sentimento de incapacidade de sentir prazer, de estar feliz. O que é diferente da tristeza, que aparece por alguma razão explícita e dura determinado tempo”.

No entanto, o psicólogo alerta que uma tristeza profunda pode se tornar depressão. “Como eu expliquei, existem pessoas que possuem tendência a depressão e suicídio. Essas pessoas podem ficar tristes por algum fato ruim que aconteceu na vida dela e não conseguirem se recuperar. Desta forma, elas acabam desenvolvendo depressão” esclarece Arantes.

Prevenção ao suicídio

A melhor forma de evitar que alguém tire a própria vida é tratando a depressão. Segundo Wadson, o tratamento se da por meio de consultas tanto com o psicólogo quanto com psiquiatra. “O paciente que tem depressão precisa tanto de acompanhamento com psicólogo como com um médico. Com uso de medicamentos e terapia é possível que o paciente se recupere e perceba que sua vida tem valor. É preciso que ele entenda o poder que ele tem e que ele é capaz de lidar com as dificuldades da vida”, relata.

Assim como o psicólogo a OMS também acredita que as taxas de suicídio podem ser reduzidas por meio de tratamento contra a depressão. Em setembro do ano passado, a organização pediu que mais ações sejam desenvolvidas nos Estados para evitar que as pessoas continuem tirando a própria vida. Por meio de um documento publicado no portal da instituição, foi feito um apelo aos governos para que políticas e estratégias nacionais de prevenção ao suicídio sejam desenvolvidas. A organização ainda destacou que é preciso ter consciência de que o suicídio é a principal causa evitável de morte prematura. “A nível local, resultados de pesquisa precisam ser traduzidos em programas de prevenção e atividades nas comunidades”, pontuou a OMS.

O Ministério da Saúde o também demostrou preocupação com o fato, já, estima-se que 9% da população brasileira apresenta sintomas de depressão. Desta forma, o órgão também publicou uma portaria que instituiu as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, a serem implantadas em todos os estados e no Distrito Federal. A ideia é que cada ente federado desenvolva estratégias de promoção de qualidade de vida, de proteção e  recuperação da saúde e de prevenção de danos, além de promover a sensibilização de que o suicídio é um problema de saúde pública que pode ser prevenido.

No Estado de Goiás, ainda não existem políticas públicas voltadas exclusivamente para a prevenção de suicídio. Mas os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) também atendem cidadãos que possuem tendências suicidas. Assim, quem precisa de ajuda podem buscar auxiclior de forma gratuita e diária. Os depressivos e seus familiares encontram no Caps o acompanhamento de enfermeiros, psiquiatras e agentes para auxiliar no tratamento.

Os agentes dos CAPs também realizam visitas à domicilio. Durante esse processo, os profissionais trabalham para identificar pessoas que apresentem apresenta sinais de depressão ou tendências suicidas. Caso o agente perceba que o indivíduo precisa de ajuda, ele tenta convence-lo a procurar auxílio nos centros.

Tendências suicidas podem ser genéticas

Quando alguém comete suicídio, é comum perguntar quais foram os motivos que levaram uma pessoa a tirar a própria vida. De acordo com uma estudo publicado no jornal especializado Archives of General Psychiatry, os cientistas já podem responder a uma parte dessa pergunta - a tendência suicida poderia ser deteminada pelo DNA.

Durante o estudo, pesquisadores da Alemanha e dos Estados Unidos investigaram as variações genéticas de 394 pacientes diagnosticados com depressão, incluindo 113 que tentaram suicídio. O DNA desses pacientes foi comparado com os de outros 366 pacientes saudáveis. A mesma equipe de pesquisadores coordenou ainda um estudo complementar, envolvendo 1.600 alemães e afro-americanos – dentre eles, 270 tentaram o suicídio.

Após a análise do material genético, os cientistas descobriram que uma mudança em cinco dos nucleotídeos - as letras do DNA - eram significativamente mais comuns entre os indivíduos que já tentaram o suicídio. Esses nucleotídeos em particular afetam dois genes que estão diretamente associados à formação e ao crescimento do sistema nervoso e aí pode estar a chave da tendência suicida, dizem os pesquisadores. Aqueles indivíduos que apresentavam três das mais importantes mutações detectadas eram 4,5 mais propensos a tentar o suicídio do que aqueles que não apresentavam essas mutações.

De acordo com os pesquisadores, os resultados encontrados sugerem que o suicídio está mais ligado a fatores hereditários e genéticos do que a distúrbios psiquiátricos. "Estudos com irmãos gêmeos e famílias apontam que o suicídio e tentativas de suicídio são geneticamente herdados. Eles aparentam ser independentes de distúrbios psiquiátricos ocultos", afirmaram os coordenadores da pesquisa ao jornal Archives of General Psychiatry.

Fonte: http://www.paixaoassassina.blogspot.com.br/

3 comentários:

  1. "E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito, Clarisse sabe que a loucura está presente e sente a essênacia estranha do que é a morte..." Renato Russo

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  2. "é possível que o paciente se recupere e perceba que sua vida tem valor" Eu penso que não posso morrer antes de assistir todos os filmes que quero, conhecer todas as pessoas que quero, ler todos os livros que quero, antes que lance alguma coisa legal, antes de fazer algo que eu quero e por aí vai. Ok eu sou muito retardado, a maioria dos depressivos me matariam, mas é assim que eu me motivo lakjhgsfdsdshjlkçldjkhgdfsfak.

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