Maria Sangrenta ou Bloody Mary


Nos dias de hoje, a mídia constrói opiniões que deveriam ser individuais, a humanidade, cada vez mais se afunda em suas vagas perspectivas, constroem e executam a maldade, fere o próximo a arranca sua alma sem o menor pudor.

Juliana era uma bela jovem que por causa de sua aparência, chamava a atenção dos homens e causava inveja em muitas garotas. Tamanha era sua beleza exterior mas, por dentro… Juliana era mesquinha, soberba e arrogante e ela adorava isso.

Por ser avantajada por fora, conseguia facilmente tudo o que desejava, era o centro das atenções e talvez continuaria sendo se não tivesse cometido seu primeiro erro…

Foi em uma sexta-feira, Juliana voltava sozinha para sua casa após curtir a madrugada toda com suas “amigas”. Estava alcoolizada e dirigia em alta velocidade e o resultado disso? Um terrível acidente aconteceu. Ela teve sorte! Não perdeu a vida, foi brevemente socorrida por um casal que passava por ali e que tudo havia visto, foi o casal quem alertou a polícia e os médicos.

Só que aquilo que para muitos é chamado de milagre, para Juliana, era maldição! Devido à gravidade dos ferimentos, ela teve um de seus olhos extraídos por cirurgia e como se não bastasse, sua face ficou repleta de cicatrizes e sinais de queimaduras, heranças de seu acidente.

O tempo passa, Juliana se recupera mas, está longe de ser a mesma bonequinha de antes, muito longe mesmo. Motivo de chacotas e piadas de mal gosto, Juliana, que já havia conhecido a dor física, agora conhece a dor do desprezo, nem mesmo suas “amigas”, as mesmas que sempre veneraram Juliana no passado, nem essas deixaram de serem cruéis com a pobre infeliz.

Cicatriz, face torta, caolha… Esses eram alguns dos apelidos que conquistou, essa era sua nova popularidade!

Juliana não suportava mais ser desprezada, era hora de encontrar uma maneira eficaz de vingar-se de todos aqueles que lhe causavam mal, e depois de muito procurar, ela encontrou uma maneira… Um livro misterioso contendo um ritual macabro era a solução que ela necessitava. Não me pergunte como, eu realmente não sei de que jeito ela conseguiu tal livro mas, sei o que suas páginas diziam, principalmente a página 83…

“Nos primeiros minutos da meia noite, de frente ao espelho, acenda uma vela. Coloque um recipiente com água pura e outro com três gotas de sangue daquele que sofre, olhe fixo para o espelho e clame: Bloody Mary, Bloody Mary, Bloody Mary! Ela virá por sua causa, lhe venderá a vingança certa por irrelevante valor.”

Assim foi feito! Durante o ritual, através do espelho, podia-se ver a face desfigurada de uma mulher e não estou falando de Juliana e sim de Bloody Mary. A aberração das trevas estava disposta à comprar e vingar a causa da garota. Juliana ficou muito assustada quando viu aquilo, ela realmente não esperava que isso funcionasse, pensou ser apenas uma lenda, ela não conseguia nem mesmo abrir sua maldita boca para pedir o que desejava porém, não foi preciso falar com palavras, Maria Sangrenta compreendeu tudo por causa do rancor e ódio que transbordavam no coração de Juliana e após alguns segundos de silêncio a aparição disse:

"Eu me comprazo acalmando seu furor, me trará o sangue do sofrimento todos os dias de sua vida?"

Juliana aceitou o trato, bastando apenas invocar Bloody Mary todos os dias antes da meia noite e também conseguiu o que queria e a prova disso, a maioria das pessoas que caçoavam dela começaram à sofrer inexplicavelmente, quase que simultaneamente, com pouco intervalo de dias, todas amaldiçoadas, foram morrendo aos poucos e suas mortes foram bizarras, como por exemplo: Pessoas sendo decapitadas de frente ao espelho sem a menor explicação, já outros e outras, tiveram seus olhos arrancados, como se fogo os tivessem consumido, algumas, aparentavam ter cometido suicídio, além de muitas outras formas que não convém contar.

Além das mortes havia algo mais… À cada pessoa morta, cada uma das vítimas de Maria Sangrenta, não apenas trazia benefícios ao vingativo prazer de Juliana como também fazia com que sua beleza se restabelecesse. Até mesmo sua visão, o olho que havia sido extraído, misteriosamente havia sido recuperado. Sem exagerar, Juliana foi aos poucos tornando-se ainda mais bela do que antigamente e assim foi por longos dez anos, até que cometeu o seu último erro.

Com sua beleza recuperada, recuperava-se também sua maneira soberba e desprezível de ser, se achava tanto, que acabou ignorando um simples fato: “Quem estava à mercê de quem?” Será que Juliana tinha controle sobre Maria Sangrenta? Ou era Juliana, apenas um fantoche? Inocente aqueles que pensam que podem controlar Maria Sangrenta!

Houve uma noite em que Juliana resolveu organizar uma grande comemoração em sua casa, o motivo estava relacionado ao pronunciamento de seu noivado com um empresário extremamente poderoso e influente para a alta sociedade, foi uma bela festa e com muitos convidados, obviamente, todos ali eram pessoas importantes, até mesmo o já falecido e ex-dono de uma famosa emissora de TV estava por lá, (eu não posso mencionar nomes mas, confio em sua capacidade de imaginar.) Tudo parecia ir bem e talvez até não haveria nenhum problema naquele dia se não fosse por um pequeno detalhe: Juliana se esqueceu de visitar Maria Sangrenta, na verdade, ela até se lembrou sim, só que pensou que ela poderia esperar e colocou sua festa e seus convidados em primeiro lugar!

Meia noite, estava na hora de fazer o discurso e anunciar o noivado de Juliana, foi nessa hora que todos ali deram falta em sua presença! Juliana havia simplesmente desaparecido, o seu noivo, ficou tão sem graça que só lhe restou pedir para os empregados procurarem por ela. E assim fizeram, procuraram em todos os cantos da casa, no deck da piscina, nos quartos, no jardim e até mesmo na cozinha… Mas se você pensa que ela não foi encontrada está enganado (a), sim, ela foi encontrada! Sabe onde? No banheiro, junto à uma extensa poça de sangue… Quando o empregado viu a cena, quase desmaiou, Juliana estava com o corpo apoiado próximo à penteadeira, sua garganta estava cheia de rasgos, parecia até que um animal de garras cumpridas havia lhe golpeado a garganta. 

O sangue escorria do pescoço para o chão e em grande quantidade. O empregado chamou os outros, inclusive o noivo, todos viram e ficaram chocados, era algo inesperado e apavorante. O pobre coitado que havia encontrado o corpo de Juliana ficou um bom tempo no alvo das investigações como um suspeito, só se livrou de ser acusado por assassinato por causa do espelho que havia na penteadeira…. SIM! O espelho estava todo quebrado, a maioria das partes estava fixa na moldura só que alguns pedaços do vidro caíram sobre a mesa da penteadeira e além disso, Juliana tinha um grande pedaço de vidro em uma das mãos, o que deixou “claro” para a polícia de que ela cometeu suicídio.

Suicídio?

Se alguém realmente quiser saber o que aconteceu então sugiro perguntar à quem realmente sabe, vá agora mesmo diante um espelho e diga: Bloody Mary, Bloody Mary, Bloody Mary!

2 comentários:

  1. Sem o olho? é só colocar um tapa-olho daora. Mas fazer o que né, é patricinha e tosca.

    ResponderExcluir