A Garota e o Escuro


Ela aos olhos dos outros era uma garota um tanto comum, mais quem a realmente conhecia sabia que ela definitivamente não era normal. Samantha era uma garota de 16 anos, de pele tão branca quando a neve, cabelos ondulados e negros tal como a noite escura onde muitos se perdem em desespero e seus olhos eram totalmente sombrios e sem vida.

  Desde pequena adorava ficar no escuro, onde se sentia segura, sempre gritava e esperneava quando, na pré-escola, tinha que ficar no parquinho brincando á luz do sol com as outras crianças, preferindo sempre ficar no canto mais escuro e escondido longe de tudo e de todos. Quando fez 13 anos, ela parou de sair de casa, e quando saia era sempre a noite ou em dias muito nublados, sempre coberta por mantos negros e grossos.

Seu maior divertimento era ficar trancada em seu quarto, que mais se parecia com uma caverna sombria, fria e úmida, apenas iluminada por uma vela cuja chama era fraca para dar a menor iluminação possível. Dentro de seu "mundo" ela não temia nada, de tanto conviver nas sombras seus olhos já se acostumaram, tanto que só pude vê-la chorar uma vez, quando na foto de família, que ela foi obrigada a aparecer, o flash da maquina fotográfica a atordoou e uma singela lagrima fria e ausente de sentimentos escorreu pela sua face pálida.

Seus pais não sabiam mais o que fazer com aquela garota, então decidiram iluminar seu quarto, e para isso armaram um terrível plano. No inicio da noite a levaram para sair, enquanto colocaram uma janela de vidro, grande e amável bem na direção de onde o sol nascia, colocaram também varias luminárias e para garantir que ela não volte ao escuro eles esconderam todas as cortinas.

Ao voltar logo pela manha Samantha encontrou seu quarto, que antes era um comodo escuro e úmido, tinha se tornado um lugar quente, alegre e iluminado. Desesperadamente procurou pela casa algum modo de fazer seu amado lugar voltar ao que era antes, olhou em volta e pela maldita janela avistou no quintal um cobertor negro e grosso o suficiente para cobrir a entrada da luz que estava estendido no varal, apanhou uma tesoura para cortá-lo e correu para o quintal, mais ao sair para fora de casa e pegar o cobertor, um raio de luz do sol iluminou sua face fazendo a ficar um pouco atordoada, e seu desejo de sair daquela luz e voltar o mais rápido possível para o que era seu quarto era tanto que ela correu e escorregou em seu cobertor e veio a cair, ferindo seu pescoço com a tesoura, rapidamente ela começou a perder muito sangue,  passou a respirando com muita dificuldade e sua vista escurecia cada vez mais, ela sabia que sua hora havia chegado enquanto ouvia os gritos de desespero de sua mãe. Mas ela não sentia mais medo algum... ela estava até feliz, pois agora poderia passar a eternidade onde mais ela amava.

Num imenso vazio escuro...

Fonte: http://contoshorripilantes.blogspot.com.br/

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