Berserkers
Berserkers foram guerreiros conhecidos na literatura nórdica antiga por serem praticamente imbatíveis em ações aparentemente descontroladas, mas que causavam grande dano ao contingente inimigo, tornando-se uma excelente arma durante as guerras (que naquela época, eram basicamente compostas de combates corpo a corpo). Considerados literalmente como demônios, flagelo dos deuses, entre outros nomes agradáveis pelos seus inimigos, esses homens formavam um dos grupos mais temidos nos campos de batalha da Antiguidade.
A classe guerreira berserker é lembrada e cultuada até hoje pela sua enorme força e agressividade dentro dos campos de batalha. Devotos de Odin, eram famosos por lutarem sem qualquer tipo de armadura, utilizando apenas machados (armas que não possuem defesa, como uma espada) e se atirando ferozmente pra cima de qualquer oponente. A palavra “berserker“, que originou o berserk no Inglês, possui dois significados: “pele de urso”, ou ainda “camisa de urso”; e “sem camisa”, ou ainda “camisa simples”. Apesar de parecerem incoerentes essas significações, as duas podem ser plausíveis, pois os berserkers eram ligados à natureza e aos animais, principalmente aos lobos e aos ursos. Estando sem camisa durante as batalhas, era como se fossem animais livres para o combate.
Na sociedade Viking, os berserkers eram admirados, respeitados e requisitados como mercenários, piratas e até soldados reais. Eram o que havia de melhor entre os guerreiros, já que eram valorosos e se serviam de estratégia no combate. Entretanto, não eram todos que aplaudiam as ações dos berserkers: fazendeiros, artesãos e outros proprietários de pequenas terras os temiam. Para eles, esses guerreiros representavam a loucura e a perversão sexual. De fato os Berserkers eram psicologicamente instáveis; em vários relatos, como na Saga de Egil, é provado que eles não conseguiam se controlar fora do campo de batalha. Egil, por exemplo, matou a criada após ter um acesso de raiva sem motivo aparente.
Muitos historiadores tentaram explicar o motivo desses acessos de fúria. Os botânicos a princípio afirmaram que esse estado de fúria implacável era atingido através da ingestão de uma planta que servia de especiaria em bebidas alcoólicas. O problema era que essa planta aumentava a dor de cabeça durante a ressaca. Em 1784, o sueco Samuel Ödman afirmou que eles na verdade ingeriam cogumelos alucinógenos antes dos combates; Ödman baseou sua teoria nos cogumelos Fly acaris utilizados por xamãs siberianos.
Essa fúria, denominada berserkergang, ocorria não apenas no calor da batalha mas também durante o trabalho árduo. Homens que foram apreendidos realizavam coisas que de outra forma pareciam impossíveis para o poder humano. Neste estado, o guerreiro começava a ter pequenos tremores, batendo os dentes, com frio no corpo, e então o rosto passava a ficar inchado e mudava de cor. Normalmente estes sintomas estavam ligados a uma forte febre, no passado tido como grande raiva, sob as quais os guerreiros uivavam feito animais selvagens, cortando tudo o que encontravam, sem discriminar amigo ou inimigo. Quando essa condição acabava, era comum eles se sentirem atordoados e fracos, efeitos que podiam durar um ou vários dias.
Teorias sobre o que causava o comportamento berserker incluem a ingestão de materiais com propriedades psicoativas, processos psicológicos e condições médicas. Em 2004, um programa da televisão britânica, fez um teste com a planta alcoólica e o cogumelo alucinógeno. Infelizmente isso só provou que ambos causavam diminuição na agilidade e na força, acarretando em enjôos e vômito. Foi então aceito que na verdade apenas o psicológico desses berserkers era suficiente para que entrassem no estado frenético; isso poderia ser uma tática para intimidar os oponentes. Por essa possível tática de guerra, que pode ser rotulada até de “suicida”, que os berserkers marcaram a história.
A Ciência já estudou esse comportamento, embora a explicação seja apenas parcial. O frenesi alcançado pelos berserkers ainda pode ser constatado nos dias de hoje. Não é raro casos onde uma pessoa frente à uma situação de grande estresse tenha feito coisas espetaculares, consideradas impossíveis. Como exemplo, podemos citar o caso de uma mãe de Atlanta, Angela Cavallo, de 65 kg, 51 anos de idade, de 1,76 metros de altura, alheia ao mundo do treinamento, no entanto, também deu mostras de uma força extraordinária na sexta-feira de 1982, quando seu filho ficou preso sob o Chevrolet Impala que estava consertando. O macaco que segurava o carro falhou e o carro desabou deixando o garoto preso e inconsciente bem no vão da roda que previamente tinha retirado. Angela não titubeou, de modo que meteu os braços por debaixo do carro e agarrou o brilhante parachoque de metal. O Impala pesava 1.500 quilos, mas ela conseguiu levantá-lo alguns centímetros com a intenção de “aliviar a pressão” sobre seu filho que saiu debaixo do veículo sem nenhum arranhão.
Em 1960, dois cientistas de Chicago analisaram os músculos do antebraço de uma série de pessoas que tinham experimentado uma pressão psicológica importante. Acabaram descobrindo que o poder flexor podia ser incrementado entre 26 e 31% com certos estimulantes, como a adrenalina e as anfetaminas. Os cientistas chegaram à conclusão de que os seres humanos normalmente não aproveitamos ao máximo nosso poder como consequência de várias inibições adquiridas com a evolução. Os cientistas acreditam que isso seja resultado da queda de um mecanismo de proteção do corpo humano. Pesquisas posteriores revelaram que nossa força muscular nunca atinge o máximo que podemos. O motivo é bem simples: considere o corpo humano como uma máquina. Se uma máquina trabalhar com 100% da sua potência, o tempo todo, não vai demorar para que ela precise de manutenção e, essa forma agressiva de uso acarretara em sua troca em pouco tempo. Durante a nossa evolução e perante todos os artifícios criados para tornar a nossa vida mais cômoda, o nosso organismo automaticamente entendeu que, era dispensável o uso total da força muscular, reduzindo-a para preservar os músculos e a energia. Assim tivemos nossa capacidade física reduzida drasticamente. Hoje, não temos uma idéia certa do quanto usamos do nosso potencial total, estipula-se que esteja entre 40% a 50%.
Como é difícil estudar os efeitos gerado nos berserkers sem está lá presente no campo de batalha, apenas estudando fatos históricos, a Ciência não sabe afirmar se era uma espécie de distúrbio mental coletivo que desencadeado pelo grupo diante o estresse e adrenalina causados pela sensação de guerra, se era uma técnica que esses homens aprenderam a ponto de conseguir desbloquear esse “mecanismo de proteção” do organismo ou se era mesmo uma erva, cogumelo, ingerido antes da batalha que causava esse efeito.
Outra explicação sobre esse frenesi, voltada para o lado religioso, diz que através de possessão espiritual, o berserker poderia se tornar um animal. Na religião Viking, a hamr de um ser humano poderia se transformar em um animal! Muitas histórias sobre berserkers falam que alguns deles se tornavam ursos no campo de batalha, enquanto seu corpo verdadeiro poderia repousar em casa.
A historiadora Hilda Ellis-Davidson traça um paralelo com os berserkers na menção feita pelo imperador bizantino Constantino VII (905-959 AD) em seu livro De cerimoniis aulae byzantinae (“Livro das Cerimônias da corte bizantina”). Nele, Constantino cita uma “dança gótica” realizada por membros de sua Guarda Varangian (guerreiros nórdicos trabalham a serviço do Império Bizantino), que participaram vestindo peles de animais e máscaras: ela acredita que esta dança pode ter sido relacionada com ritos berserker.
Hoje é possível achar vestígios do acesso de raiva típico dos berserkes em várias culturas e livros. Um exemplo é a Ilíada, onde os guerreiros são “possuídos” pelos deuses, recebendo assim poderes sobre-humanos. Talvez berserker e viking mais famoso da história seja Egil Skallagrímsson. Sua vida foi contada no livro Egil Saga, supostamente o maior épico islandês já escrito.
Post Indicado por: Pequeno Buda
Fonte: Wiki e Ah Duvido
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