- Rafaela? O que aconteceu? – Vitoria pergunta enquanto abre
a porta.
- Na... De... Mas... – Respondo ainda tremula e assustada.
- Você viu ‘’ele’’ de novo? – Vitoria pergunta preocupada e
Alexandre fica com uma expressão de quem não esta entendendo nada. Também...
Quem entenderia?
- Não... – Respondo tentando conter as lagrimas. Alexandre
vai rapidamente para a cozinha e pega um copo de água para mim. Bebo a água
lentamente, soluçando.
- Ei, eu não sei o que está acontecendo, mas vamos jogar. Só
para distrair um pouco. – Alexandre fala com um pequeno sorriso em seu rosto.
Não custa nada e pode ser divertido.
- Tudo bem. – Respondo enquanto seco minhas lagrimas na
camisa.
Jogamos um jogo de luta, depois um corrida, outro de
aventura e por fim um de tiro. Já estava tarde e Vitoria estava dormindo no
sofá.
- Ei, você pode ver fantasmas, certo? – Alexandre pergunta
enquanto estava com os olhos concentrados no jogo.
- Posso. Por quê? – Pergunto com um tom entristecido na voz,
pois falar disso não me trás boas lembranças.
- Porque isso parece legal e assustador ao mesmo tempo. Não
deve ser fácil viver com isso. – Alexandre afirma enquanto me mata no jogo.
- Você tem razão. Não é nada fácil. – Afirmo dando pausa no
jogo. – Estou cansada. Se importa se eu for dormir agora? – Pergunto sonolenta.
Realmente estou cansada, mas não queria deixá-lo sozinho.
- Tudo bem. Eu já ia perguntar o mesmo. – Alexandre fala com
um sorriso em seu rosto. Levanto-me e vou para meu quarto.
Chegando ao meu quarto, resolvo ligar o computador e
pesquisar os nomes Dantalion e Judai. Dantalion aparece segurando um livro em
sua mão direita. Pode mudar os pensamentos das pessoas e ensina qualquer coisa.
Existem vários relatos de pessoas que o invocaram. Hã? Eu achava que pactos
apenas envolviam almas, mas eles alegam estar pagando com esses depoimentos de
invocações bem sucedidas. Isso é estranho. Agora vou pesquisar sobre Judai. Hã?
Apareceu um personagem de um desenho... Nesse desenho eles ‘’duelam’’ com
monstros que são invocados das cartas. Eu ouvi o nome dele errado?
Provavelmente. Estou morrendo de sono agora. Fecho o computador e me deito em
minha cama.
Mas será que Leandro está bem? Talvez já tenha acordado.
Espero que ele esteja melhor. Ele parecia um demônio naquela hora, mas ele
ainda tinha sua mentalidade. Então, ele ainda deve ser o Leandro que eu
conheço, mas eu realmente o conheço? Não sei quem são seus pais, o que
aconteceu com eles, e nem sei onde ele mora, ou em que sua tia trabalha. Eu
apenas conheço o que ele me mostra. Me sinto um pouco triste e angustiada por
pensar nessas coisas. E se ele estiver apenas brincando comigo? Ele pode ser
realmente um demônio e apenas está jogando comigo... Não pode ser. Não pode!
Leandro não é assim! Meu coração esta começando a doer. Por quê? Será que eu
realmente amo ele? Mas e se ele estiver brincando comigo? Esses pensamentos
apenas fazem meu coração doer mais e mais. Que droga... Estou começando a
chorar de novo. Eu realmente sou muito chorona...
- Por favor, apenas não esteja brincando comigo Leandro. –
Falo baixinho com voz tremula. Sou realmente idiota... Droga...
Acabo dormindo e sonho com Julieta brincando comigo, quando
éramos pequenas. O que aconteceu para ele ter tanta raiva de mim? Éramos muito
amigas quando pequenas. Ela der repente mudou comigo, na mesma época em que os
pais dela morreram no incêndio. Mas eu não tenho nada haver com isso. Será que
ela suspeita de mim? Levanto da cama e vejo o cachorrinho da porta. Esse
cachorrinho... Quem é ele? Desvio o olhar dele e quando olho novamente ele não
esta mais lá. Um cachorrinho ninja?
- Rafaeeelaaaa. Hora de almoçar. Você já dormiu muito, venha
ao menos almoçar. – Minha mãe grita para mim. Desço para a conzinha e me sento
no meu lugar na mesa. Apos comer Alexandre vai para a sala e liga o seu vídeo-game
e Vitoria senta para jogar com ele. Eu fico apenas no sofá olhando Vitoria
perder de 50 a 0 no jogo de tiro.
- Rafaela, quer jogar? – Alexandre me pergunta e Vitoria
sorrindo me entrega o controle.
- Tudo bem. – sento no chão ao lado de Alexandre e começamos
a jogar.
Já tinha jogado contra ele nessa fase e ele sempre começava
com a mesma estratégia. Pegava um esconderijo onde era uma falha no jogo, ele
não poderia atacar e nem ser atacado, mas saia com algum tempo depois. No
momento em que ele ia saindo eu joguei uma granada e o matei. Vitoria ficou indignada,
pois não conseguia matar ele uma única vez e eu consegui de primeira.
Hahahaha... O jogo terminou com 15 a 13, para Alexandre.
- Isso esta errado. – Vitoria afirma tremula. Parece que não
acredita que sua irmã mais nova é melhor que ela... HAHAHAHA.
- Você que é ruim! – Afirmo com um sorriso que tentei
conter, mas eu realmente estou feliz. Jogamos eu e Vitoria. O jogo terminou em
16 a 10 para mim, é claro. Depois trocamos para um jogo de corrida. Nesse eu
não ganhei uma única vez. Já estava 4 da tarde eu resolvi ir a lanchonete comer
um pastel. Alexandre e Vitoria decidiram vir comigo. Eu pedi o meu preferido de
sempre, um de queijo com frango. Vitoria pediu um de apenas carne e Alexandre
um de apenas queijo. Conversamos sobre coisas aleatórias. Alexandre ate pediu
um emprego lá e queria um bom pagamento fora um pastel daqueles por dia, e o
pior, a dona da lanchonete aceitou. Disse que ele pode começar a trabalha na
segunda.
Voltando para casa encontramos com Leandro no meio do
caminho... Ele esta com algumas faixas no braço esquerdo e no pescoço. Será que
está muito ferido?
- Vamos Alexandre. Quero ganhar de você. – Vitoria fala
puxando Alexandre e me deixando sozinha com o Leandro... Maldita...
- Desculpa pela noite passada. – Leandro se desculpa
timidamente.
- Não se desculpe. Você não teve culpa... Você esta bem
agora? – Pergunto preocupada. Ele está todo enfaixado, deve estar bem
machucado.
- Claro que estou! Sou um homem forte, esses machucados não
vão me deixar de cama, mas eu realmente não sei como eu me machuquei tanto...
Eu apenas desmaiei, não foi? – Leandro pergunta confuso. Ele realmente não se
lembra de nada? Será que eu deveria contar a ele? Não, Judai pediu para eu não
comentar nada com ele e com que cara eu vou dizer ‘’Você me beijo!’’?
- Foi... Fiquei muito preocupada. – Respondo sem conseguir
olhar para seu rosto.
- Desculpe se te preocupei. Eu queria apenas me divertir com
você um pouco, mas estraguei tudo. – Leandro afirma entristecido. Ele está
realmente triste. Me sinto mal em ter que esconder o que realmente aconteceu
para ele. Eu vou contar... Não quero que ele se sinta culpado.
- Na verda... – Sou interrompida por um grito de uma mulher
saindo de uma, limusine. – Maldito garoto... Volte aqui agora! Você não está em
condições para sair por ai, moleque! – Essa é a Lucindra. Ela está correndo
para cá. Hã? Leandro repentinamente me segura em seus braços e sai correndo
comigo... Ele está realmente fugindo dela? – Você não deveria ter saído de casa
não é? – Pergunto irritada enquanto ele corre comigo. Esse teimoso, vai acabar
piorando o seu estado.
- Eu já estou bem, mas ela quer me deixar preso em casa. –
Leandro afirma enquanto tenta despistar sua tia. Depois de algum tempo
correndo, Leandro consegue despistar sua tia, me coloca no chão e senta em uma
cadeira da lanchonete onde paramos.
- Você... Você deveria estar em casa não era? – Pergunto irritada.
Ele não quer cuidar da própria saúde. Ele cuspiu sangue e está todo
enfaixado... Como poderia estar bem?
- Bem... Era, mas já estou me sentindo ótimo. – Leandro afirma
com um sorriso e respiração pesada. Levanto minha mão e bato em seu braço
enfaixado. – Aaaaiii... Por que fez isso? – Leandro pergunta com uma expressão
de dor.
- Viu... Você não está bem... Você não quer cuidar da sua saúde
não? Vai ficar pior se continuar assim... – Afirmo calmamente. Hã? Ele está
irritado... – Desculpe, eu só estava preocupada... – Afirmo com voz
entristecida.
- Desculpa... Eu que sou o teimoso aqui. Depois de comer eu
volto para casa e descanso direito. Não se preocupe. – Leandro afirma sorrindo.
É impressão minha ou ele parece mais bonito? Mais atraente... Nam... Para de
pensar nisso. É só impressão, impressão.
- Tudo bem, mas você sabe que ela deve estar de guarda na
lanchonete com seu pastel preferido. – Afirmo me sentando a mesa com ele. A garçonete
entrega o cardápio e fica de longe olhando para ele. Ela está interessada nele?
Espera... Todas as garotas que estão passando pela gente estão olhando para ele
e sorrindo. Ele sempre foi tão popular assim?
- Então vamos comer aqui. Pode ser? Eu pago. – Leandro afirma
sorridente. Mas acabei de comer.
- Eu acabei de comer... – Falo calmamente. Leandro parece
entristecido... – Mas um refrigerante seria bom. – Afirmo com um sorriso e ele
sorri de volta. Ele pede um sanduíche e 2 refrigerantes. Depois de comer ele me
chama para dar uma volta na praça. Eu aceito e nós vamos para o meio dela, onde
não tinha ninguém alem de nós... Meu coração começou a bater mais rápido...
Será que ele vai me beijar aqui? Se declarar?
- Você está vermelha. Está bem? – Leandro pergunta colocando
sua mão na minha testa. Eu... Estou pensando besteiras de novo...
- Não é nada. – Afirmo abaixando a cabeça, envergonhada.
- Você sabia que a Julieta também pode ver entidades? –
Leandro pergunta seriamente. Como assim? Ela pode ver? Então porque ela me
julgou todo esse tempo?
- Pode? – Pergunto completamente espantada.
- Sim, mas não no mesmo nível que você, em um nível um pouco
inferior. – Leandro afirma calmamente.
- Mas... Porque ela fica me xingando e excluindo? – Pergunto
ainda surpresa.
- Eu não sei! – Leandro afirma inquieto. – Mas deixando isso
de lado. Tenho uma coisa para lhe dizer. – Leandro afirma inquieto e relutante.
Será? Meu coração está batendo muito rápido... Ele vai mesmo se declarar para
mim?
- E... O que é? – Pergunto tremula. Ele segura meus ombros e
repentinamente me joga no chão. Mas o que? Ele é louco? Hã? Uma espada esta
presa no chão mesmo no local onde eu estava...
Leandro sorri – Eu... Finalmente entendi o que aquele cara
queria dizer com aquilo... Demônios não devem pensar em anjos. Isso apenas
trará problemas para os anjos. – Leandro olha para mim sorrindo, mas seu
sorriso parece tão triste, sua aura esta tão melancólica e de seu olho escorre
um lagrima.
- Abigor... Irá morrer aqui e agora! – Um homem magro,
completamente enfaixado surge do escuro. Parece uma múmia. A espada levita e
vai para a mão dessa múmia.
- Não sou Abigor e nem pretendo ser. – Lembro afirma
irritado e seus olhos começam a ficar roxos e a brilhar. – E mesmo que fosse
não irei morrer aqui e nem agora. Ainda tenho muito para fazer. – Um sorriso
começa a surgir em seu rosto e ele corre em direção à múmia. A múmia começa a
tentar acertá-lo com sua espada, mas ele fica desviando rapidamente. Seus
movimentos são muito difíceis de acompanhar.
- Por que não usa tudo que tem Abigor? Caso não se apressar
em usar eu irei usar o meu sem nenhum ressentimento. – A múmia grita irritada
enquanto tenta acerta Leandro que se aproxima aos poucos. Ele esta se contendo?
Mas por quê? Hã? Ele... Foi acertado pela múmia... A espada transpassou o seu tórax
e ele parou de se mover.
- Leaaandroooo... – Grito desesperada e lágrimas começam a
sair de meus olhos. Não pode ser. Ele não pode morrer, certo? Ele é um demônio,
ou seja lá o que for... Ele sempre me surpreende, ele não pode morrer aqui.
- Hã? Já morreu? Serio isso? Deram-me uma seqüência
imensa de avisos e você morre tão fácil? Que droga. – A múmia fala segurando o
pescoço de Leandro ainda com a espada encravada em seu tórax. Ele realmente
morreu? Não pode ser... Mas não posso discutir com o que está á minha frente.
Leandro morreu... Minhas lagrimas param e eu fico apenas ali, olhando para
aquela cena horrível. Sem sentir nada, fazer nada ou pensar em nada. Sinto-me
morta, serei morta de qualquer forma. Já que ele começou a vir em min
Continua...
Próximo capitulo: Sentirei sua falta.
Escrito por: Luan
Espero que tenham gostado. :) ~Luan
Pq quando eu lu o tìtulo eu lembrei do meme "NAO PODE SE" :p
ResponderExcluirDepois de eu postar eu pensei na mesma coisa... kkk
Excluir