Leandro vai à minha frente, parece muito pensativo. De
repente uma garota passa correndo pelo portão da escola e abraça o Leandro...
Quem é ela?
- Sofia? – Leandro pergunta, espantado. Ele á conhece, será
alguma prima?
- Há quanto tempo Leandro. Como você cresceu... Tudo bem com
você? – Ela pergunta o olhando de cima a baixo com um olhar malicioso. Não
consigo sentir nenhuma variação em sua aura, talvez este seja apenas seu jeito
normal e não tenha nenhuma segunda intenção?
- Tudo... Mas... Eu ainda não tenho poder suficiente. O que
você faz aqui, Sofia? – Leandro pergunta entristecido. Como assim não tem poder
suficiente? E suficiente para o que?
- Não é por isso que estou aqui... Apenas senti saudades...
Faz 4 anos que não nos vemos... Seja mais gentil! – Sofia afirma olhando
entristecida para o chão. – E quem é essa? Sua namoradinha? – Sofia pergunta
aproximando-se a mim.
- Não, não somos namorados e nem nada disso... – Respondo no
lugar de Leandro.
- Então tudo bem... É um prazer conhecê-la. Meu nome é Sofia
e o seu? – Sofia pergunta estirando sua mão para mim.
- Rafaela. – Respondo segurando sua mão. Hã? A imagem dela
sumiu e agora estou em um beco escuro. Sinto grande quantidade de energia,
vindo de uma igreja a minha frente. Entro pela porta correndo... Mas o que é
isso? Ao abrir a porta, vejo um garoto com uma roupa branca completamente
manchada de sangue, sentado em cima de vários corpos. Os corpos estão
amontoados de uma forma que faz parecer um trono. O garoto me olha friamente,
seus olhos possuem um brilho intenso e hipnótico. O olho direito brilha
vermelho, e me faz querer pensar em sangue, mortes, massacres, caos e guerra. O
esquerdo brilha roxo, e me faz pensar no vazio, o completo e obscuro buraco da
perdição, caos e guerra não fazem sentido enquanto o olho, apenas o desejo de
mudar tudo de uma forma inimaginável preenche minha alma, a desistência da vida
e o desejo de viver fazem sentido mutuamente enquanto olho para seu olho
esquerdo. Ele sorri e eu me escondo por detrás de um pilar da igreja, sinto por
um segundo a inexistência e logo após isso, uma mão sai do pilar e vem em
direção ao meu rosto, pulo para trás e o pilar praticamente explode e mostra a
figura do garoto me encarando com um grande e psicótico sorriso.
- O que foi? Você esta aqui para morrer, seu deus lhe guiou
para cá por que é seu destino servi de alimento para mim. Veja... – O garoto
fala e aponta para o seu ‘’trono de corpos’’. – Matei todos e tomei suas almas
para mim. Padres, freiras e crentes de sua religião... Todos mortos e com almas
devoradas... E onde esta seu deus para impedir isso? – O garoto fica serio por
um momento e volta a sorrir logo depois. – Simples... Seu deus quer isso, ele
permite isso. – O garoto complementa e aparece na minha frente.
- Deus, esta vendo o que você esta fazendo. E eu vim aqui
para dar um fim... Seu demônio maldito. – Uma voz doce e calma surge junto com
uma luz saindo do altar. Uma forma humana tornasse visível e mostra uma garota
branca, loira e nua com um olhar de pena para mim e o garoto.
- Tzz... Não sou um demônio! Sou um humano! E acha mesmo que
pode me impedir? Anjo... – O garoto anda em direção a garota calmamente.
- Hm? Impossível... Mas... Não sinto todo o meu poder...
Você esta falando a verdade... Quem é você? – A garota pergunta curiosa. O
garoto some e reaparece nas costas dela e enfia sua mão no ombro direito da
garota e puxa uma asa branca e luminosa, depois chuta suas costas e a joga
contra a porta da igreja junto com uma pequena explosão de sangue. A garota cai
no chão com uma expressão de pavor e o garoto fica olhando a asa que arrancou
das costas da garota com um pequeno e sádico sorriso. A garota levanta-se do
chão e uma grande asa branca e luminosa assim como a outra sai de suas costas.
Ela o encara com uma expressão de terror.
- Quem é você? Por que esta fazendo isso? – A garota grita
com lagrimas nos olhos. O garoto reaparece sobre ela e segura seus cabelos a
jogando contra a grande cruz que estava sobre o altar. – Por favor pare... Eu
não quero lhe machucar... O demônio apenas quer lhe consumir... Seja lá o que
ele tiver lhe oferecido, ele esta mentindo... – A garota grita chorando
enquanto se levanta cambaleando. Minhas pernas começam a tremer por ver tal
cena.
O garoto reaparece em suas costa e chuta seus pés a fazendo
cair no chão novamente, ele segura a sua asa e pisa na cabeça dela e começa a
ri. Ele puxa lentamente a asa da garota enquanto ela solta um grito agudo de dor.
Depois de arrancar sua asa, deixando a garota coberta por seu próprio sangue
ele agachasse na frente da garota e a encara.
- Esse demônio irá devorar você e sua alma, ele esta apenas
lhe usando... Não sei como você ainda se mantém consciente e consegue usar o
poder desse demônio... Mas ele ira lhe destruir... Ele fez uma criança inocente
como você cometer tais atrocidades. Eu não quero lhe machucar... Por favor,
ainda há tempo para o perdão, rendasse agora e será perdoado. – A garota fala
com voz de choro e lagrimas saem constantemente de seus olhos.
- Não foi ele que me fez fazer isso! Se existe alguém que me
fez chegar a esse ponto foi um de vocês... Um anjo! – O garoto afirma
seriamente e depois chuta o rosto da garota a fazendo ficar escorada no altar.
– Diga-me, qual o seu nome? – O garoto pergunta para ela.
- Não entendo seus motivos, mas, por favor, desista... Esse
demônio esta colocando essas idéias em sua mente. – A garota grita.
- Dani-se... – O garoto grita furioso. – Venderei minha alma
ao demônio se necessário. Matarei, massacrarei, destruirei, farei orgias com
virgens, corromperei o mais puro e inocente ser humano que exista e estruparei
milhares de garotinhas inocentes se necessário. Darei meu corpo e alma para o
diabo, mas terei minha vingança. Agora diga seu nome de uma vez anjo maldito! –
O garoto grita enquanto emana uma aura assustadora que me faz cair de joelhos e
lagrimas começam a cair de meus olhos, mas... Não sinto medo... Isso é
estranho... Eu sinto uma espécie de prazer ao ver tudo isso... É como se eu
estivesse adorando ver essa atrocidade.
- Não fale isso por... – A garota é interrompida pelo garoto
que em um movimento arranca o braço dela fora e o joga para minha frente. – Meu...
Meu nome é... Mi... Mirael... – A garota responde logo após um grito agudo de
dor.
- Quase... Mas não é o anjo certo... Descanse no vazio, anjo!
– O garoto envia rapidamente a mão no peito da garota e arranca uma energia
brilhante, semelhante à outra que teria visto, depois ele a engoli e começa a
emanar uma energia muito maligna, algo que nem mesmo meu pior pesadelo ou as
piores palavras poderiam tentar interpretar... As estatuas começam a chorar
sangue, as vidraças explodem e as cruzes ficam de cabeça para baixo...
Terrível... Isso é... Isso é assustador...
- Ele é meu! – Falo eufórica. Corro em direção a ele e o
abraço. – Não venda sua alma garoto... Você tem potencial, ganhe poder por você
mesmo. Você quer se vingar, certo? E vai deixar que algum demônio faça isso por
você? Você deve realizar isso por si mesmo! Com suas próprias mãos sem depender
de nada e nem ninguém... Mas pode depender de mim... Pois eu agora sou sua dona
e quando você tiver poder suficiente eu irei aparecer na sua vida uma vez mais
e lhe darei uma forma de concretizar sua vingança! Você agora pertence a mim e
a ninguém mais... – Termino de falar e minha visão volta para a Sofia a minha
frente... Puxo minha mão assustada.
- Eu estou dando choque? – Sofia pergunta me encarando.
- Nã... Não. Desculpe. – Respondo com a cabeça baixa sem saber
o que aconteceu.
- Não se irrite Sofia... – Leandro fala calmamente. – Já
estamos indo. Tchau Sofia. – Leandro fala segurando minha mão e me puxando.
- Vou começar a estudar aqui amanha... Sou do nono ano...
Então nos vemos amanha. – Sofia fala sorridente enquanto dá tchau com a mão. No
caminho de casa Leandro estranhamente não fala uma palavra sequer e esta
pensativo. No que será que ele esta pensando? Bem, ele provavelmente não irá me
dizer...
- Ei, podemos sair para algum lugar hoje? – Leandro pergunta
com um tom de voz triste. Não posso dizer não... Ele esta mal. Certo, não custa
nada. Não tenho o que fazer em casa mesmo.
- Claro, para onde? – Pergunto curiosa.
- Não sei. Diga-me você, aonde quer ir? – Leandro pergunta
me olhando fixamente.
- Poderia ser na lanchonete perto da escola? Gosto bastante
do pastel de lá! – Pergunto olhando para baixo. Acho que ele vai achar
estranho, afinal poderia escolher qualquer lugar, um restaurante, ou shopping,
ou qualquer outro lugar e eu escolho uma lanchonete barata.
- Claro, também gosto do pastel de lá. É impressionante o
pastel de queijo com frango de lá, é o melhor que já provei. – Leandro afirma
animado. Ele parece gosta mesmo desse pastel, fiz a escolha certa eu acho.
Chegando em minha casa Leandro se despede e fala que irá
passar pela minha casa as 4 horas. Passando pela porta vejo Vitoria me
encarando.
- Que foi? – Pergunto encarando ela.
- Eu ia falar uma coisa, mas deixa. Sua vida de bigamia não
é da minha conta. – Vitoria afirma calmamente. Essa maldita ainda acha que
estou com os dois ao mesmo tempo. Rá... Como se eu fosse ficar com algum deles,
ainda mais com os dois ao mesmo tempo. – Sim, já ia me esquecendo... Nosso
primo Alexandre irá ficar um tempo com a gente. – Vitoria fala olhando para a
escadaria. Hum?
- É tão fácil me esquecer assim, Vitoria? – Alexandre fala
descendo as escadas.
- Desculpa... Mas quer um sorvete? – Vitoria pergunta
levantando-se e indo em direção a cozinha.
- Ta achando que eu sou uma criança que se anima e perdoa as
pessoas tão facilmente por causa de um sorvete? – Alexandre pergunta franzindo
as sobrancelhas.
- É de napolitano, você vem? – Vitoria pergunta sorridente.
- Estou indo. – Alexandre responde com um tom de voz manso.
Não entendi muito bem, mas acho que ele gosta bastante de sorvete napolitano e
minha irmã o conhece muito bem... Ele esta ferrado. – Iaê, Rafaela. Quer
sorvete também? – Alexandre pergunta enquanto vai para a cozinha.
- Não, obrigada. – Respondo e vou para meu quarto.
Não sei qual o motivo dele ficar aqui, espero que não seja
algo muito serio, mas não me importo com a sua presença. Agora eu tenho que
pesquisar sobre o nome que Dimitre falou para o professor... Mas como era
mesmo? Dan... Dan... Dante? Isso, Dante! Encontrei um jogo e um desenho... O protagonista
é um homem imortal que caça demônios... Qual é a graça disso? O homem é
imortal, você sabe que ela não vai perder a luta e ainda assiste... Que droga,
mas o professor é o Dante?
- Ahahaha... Estou ficando louca. Tenho que parar de achar
que existem demônios e anjos a minha volta... – Falo sozinha aliviada, pois é
melhor ser invenção minha do que ser verdade. Hã? Tem um filhote de cachorro me
encarando em cima da minha cama. O encaro.
- Você deve ser do Alexandre, certo? – Pergunto estirando
minha mão para o cachorro. Hã? Ele se assustou e saiu correndo pela porta.
Nossa... Sou tão assustadora assim?
- Rafaela, hora de comer. – Minha mãe grita. Desço as
escadas e sento no meu lugar. Alexandre termina de almoçar rapidamente e vai
para a sala assistir televisão.
- Rafaela... Você sabe o que aconteceu para o Alexandre esta
aqui? – Vitoria me pergunta seriamente. Nunca a vi tão seria.
- Não sei. O que foi? – Pergunto um pouco tensa.
- Os pais dele morreram de uma maneira brutal... – Vitoria
fala com um tom de voz triste e olhando para Alexandre. Morreram? Droga...
Tinha que ser algo assim? Deve ser brincadeira.
- Você esta brincando certo? Só pode ser brinca... – Sou
interrompida por Vitoria. – Não é brincadeira... Ele pode não demonstrar, mas
ele esta destruído por dentro. Ele sempre foi assim. Tentando ser forte,
tentando controlar seus sentimentos, mas no final é apenas um garoto sensível.
– Vitoria afirma com lagrimas nos olhos e olhando para baixo.
- Não gosto de ser chamado de ‘’um garoto sensível’’! Não
tenham pena de mim. Logo, logo sairei daqui e pararei de ser um incomodo.
Vitoria... Você me conhece bastante em! – Alexandre fala passando pela porta da
cozinha e termina de falar com um pequeno sorriso.
- Eu não tenho pena de você. Eu quero é te acertar uma tapa
pra tirar essa sua expressão. – Vitoria afirma levantando da cadeira. Serio que
ela falou isso?
- Aê?! – Alexandre começa a encarar Vitoria de perto. Eles
vão brigar? Hã? Eles começaram a rir... haha... Devem ser mesmo bons amigos.
Terminando o almoço vejo que Alexandre esta assistindo um
filme e sento-me a seu lado no sofá para assistir com ele. A sala esta quente,
mas é quase insuportável. Olho para o lado e vejo Alexandre dormindo. Ele esta
fazendo caretas, gemendo e suando bastante... Deve esta tendo um pesadelo... Eu
deveria acordá-lo? Acho que sim.
- Alexandre, você esta bem? – Falo enquanto dou tapas de
leve em seu rosto. De repente a imagem a minha frente muda para uma bola de luz
imensa a minha frente. Meus olhos ardem, parecem queimar. Me aproximo...
Argh... Meu corpo começa a queimar e à medida que ando para perto, meu corpo
arde ainda mais... Essa dor é insuportável... Consigo tocar em algo, algo
dentro daquela luz. Todo o meu corpo para de doer e eu fecho meus olhos. Hã?
Que cena horrível... Estou coberta por sangue, fico olhando aterrorizada para
minhas mãos ensangüentadas e ao levantar a cabeça vejo dois corpos
dilacerados... Um homem e uma mulher... Eles parecem muito com os pais do
Alexandre... Porque estou vendo isso?
- Ora, ora... Um humano conseguiu superar a influencia de um
demônio... Pode chamar isso de um milagre... Mas não é o tipo de coisa que pode
acontecer uma segunda vez! – Um lobo grande e negro fala com uma voz parecida
com trovões, aproximando-se a mim.
A imagem volta para Alexandre, que agora esta com os olhos
semi-abertos.
- O que esta fazendo em cima de mim? – Alexandre pergunta me
encarando com um olhar arrepiante. Um calafrio passa por todo meu corpo.
- Nada, desculpa! – Falo voltando para o meu lugar no sofá.
- Desculpa se te assustei. Eu estava tendo um sonho
horrível. – Alexandre alega colocando a mão no rosto e emanando uma aura
triste. Ele deve ter passado por muita coisa, mas... O que foi aquilo? Tive
pela primeira vez esse tipo de ‘’visão’’ quando toquei Leandro na mão sem
querer, depois com Sofia e agora com ele... Será que estou ficando louca?
Melhor eu parar de pensar nisso. O calor que estava na sala passou depois que o
Alexandre acordou. Será que era por causa do pesadelo dele? Aiii... Minha
cabeça dói. Tenho que parar de pensar tanta besteira.
Continua...
Escrito por: Luan
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