Caça-fantasmas vão a estádio tentar 'espantar' crise

Casal de paranormais 'encontra' espíritos no estádio da Ferroviária e os convence a sair para time voltar à elite paulista após 18 anos.

'Caça-fantasmas' analisam túnel de entrada ao campo.

Nem sempre o manual adotado pela maioria dos dirigentes de futebol funciona. A demissão do treinador, a reformulação do elenco e até mesmo a troca do presidente, válvula de escape para muitas crises, caíram em descrédito na Ferroviária.

A fórmula, repetida nos últimos 18 anos pelo clube de Araraquara, que luta para retornar à elite do futebol paulista, deu lugar à superstição de alguns torcedores e funcionários que trabalham na Arena da Fonte Luminosa, onde a Locomotiva manda seus jogos.

Inconformados com as seguidas temporadas de insucesso, resolveu-se abrir os portões do estádio para que o casal de paranormais Rosa Maria Jacques e João Tocchetto de Oliveira, também conhecidos como “Os caça-fantasmas”, pudesse encontrar uma resposta para os seguidos anos de insucesso.

Munidos de um aparelho medidor de campo eletromagnético, duas câmeras filmadoras e muita sensibilidade, eles identificaram, logo nos primeiros passos, na entrada do estádio, a presença de uma energia pesada. Um ex-jogador, ídolo da torcida, conversou com Rosa Maria e explicou que estava ali para ajudar o clube.

- Esses espíritos ficam aqui porque se sentem em casa, dizem que este espaço é deles. Não é uma ciência, uma religião, um materialista que vai explicar esse fenômeno. É preciso sensibilidade para se comunicar, entender e explicar essa situação. Não são espíritos ruins. Mas a presença deles cria uma energia, uma responsabilidade a mais aos jogadores que aqui estão, e acaba comprometendo o trabalho de todo mundo - comentou a paranormal Rosa Maria Jacques.

Os “Caça-Fantasmas” percorreram todo o gramado, principalmente a região da pequena área e as traves, e também os vestiários da nova Arena da Fonte. A cada sinal luminoso ou sonoro disparado pelo equipamento de medição do campo magnético, uma pausa, uma conversa, uma reflexão e a resposta para os recentes fracassos da Ferroviária.

- Sabe por que eles ficam aqui? Porque ninguém pede para que eles deixem esse local, nunca conversaram com eles. Eles estavam achando que a presença deles poderia ajudar. Mas não. Agora eles entenderam que deixar o clube é melhor para todos - comentou Rosa Maria, que foi até o vestiário dos árbitros, habitado por aqueles que muitos torcedores consideram "os responsáveis" por alguns resultados negativos. Apesar das reclamações de muitos torcedores, ela garante que nada foi encontrado.

Por outro lado, quando Rosa Maria se preparava para voltar ao gramado, ocorreu o momento mais sublime de sua visita. Emocionada, a paranormal confessou que teve vontade de chorar.

- A sala de árbitro é um ambiente sério. Nada foi encontrado, apesar das contestações. Já o túnel (que dá acesso ao gramado) é muito carregado de emoção, muita energia, muitos já passaram por aqui e deixaram suas histórias. Todos esses espíritos entenderam a frustração desses anos passados. A partir de agora, isso vai ser diluído - comentou Rosa Maria.


Na base da conversa, ela garante que conseguiu afastar três espíritos que estavam presentes na Arena da Fonte.

Além de um ex-jogador, um massagista e um jornalista bastante crítico entenderam o diálogo. O trio, segundo Rosa Maria, acreditou em suas palavras e foi convencido a deixar o local para que a Ferroviária possa retomar seus trabalhos e, quem sabe em 2014, voltar à primeira divisão do Paulistão.

- Quero deixar bem claro que a atual diretoria, que eu nem conheço, faz um bom trabalho, são excelentes profissionais. O problema não são eles. Minha sensibilidade diz que essas pessoas que um dia fizeram história no clube, e que querem ajudar, acabam atrapalhando. Elas entenderam e vão acompanhar o crescimento do clube lá de cima - declarou Rosa Maria.

Ao final da visita à Arena da Fonte, Rosa Maria demonstrou otimismo. Mesmo não dando garantias, ela afirmou que o caminho para o sucesso está livre, e todos poderão trabalhar em paz para que os resultados e conquistas possam retornar à torcida afeana.

- Não é possível dizer que o time vai conseguir o objetivo no ano que vem, como todos desejam. Mas tenho certeza que o peso em cima dos jogadores, da diretoria, será menor, o caminho estará mais livre. Espero que dê tudo certo e o time consiga voltar à primeira divisão - afirmou Rosa Maria.

Presidente acredita em trabalho, não em espíritos

A reportagem do GLOBOESPORTE.COM conversou com o presidente da Ferroviária, Welson Alves Ferreira Júnior, mais conhecido como Juninho, sobre a visita dos Caça-Fantasmas à Arena da Fonte. Bastante cético, o mandatário preferiu atribuir os fracassos dos últimos anos ao trabalho que vinha sendo executado dentro e fora de campo, e não às interferências paranormais.

- Acho que cada um tem sua crença, e respeito. Mas o que cabe à diretoria da Ferroviária é fazer um trabalho sério, um planejamento, que é o que estamos fazendo. Se não aconteceu até agora, não foi por mau-olhado ou força de espíritos. Prefiro deixar isso para a torcida - disse Juninho, que foi informado sobre a visita dos Caça-Fantasmas ao estádio pelo GLOBOESPORTE.COM, pois acabava de chegar de uma viagem, e não fora consultado sobre a visita do casal paranormal. Como o estádio é administrado pela Prefeitura Municipal de Araraquara, o mandatário não possui total controle sobre o que acontece internamente na Arena da Fonte Luminosa.

Como a "consulta" não passou pelo crivo de Juninho, resta aos torcedores da Locomotiva torcerem para que os espíritos realmente tenham deixado o clube em paz. E se o time realmente subir em 2014? Será que o presidente da Ferroviária passará a acreditar nas forças exteriores?

- Não acredito. Mas não sei se posso deixar de acreditar. Nós vamos subir com um trabalho bem feito na parte financeira, na administrativa, a cidade vai se unir em prol desse objetivo. A Ferroviária tem camisa, está reconstruindo seu patrimônio. Muita gente ainda vive da estrada de ferro, daquele time que era rico. Eram outras épocas. A Ferroviária, que quase faliu em 2003, precisa se reestruturar. Estamos recuperando o clube, e não foi um trabalho de fantasmas, de espíritos. Hoje, a Ferroviária é respeitada - declarou o presidente.

Quem viver, verá. E aqueles que não estão vivos, e deixaram a Arena da Fonte, também poderão ver. 

Um comentário:

  1. Incrível, é bem a diferença entre culturas. Lá eles contratam uma equipe como a GHI para resolver o problema; aqui mandariam benzer o estádio, ou pediriam a algum pastor sem mente própria para dizer "sai capeta". 8)

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