Os Profanadores de Jazigos


No meio de uma noite escura e fria de Julho, um jovem ariano chamado Brian se adentrava furtivamente pelas sombras do quintal de seu amigo, também ariano, Gerald.

– Gerald! Gerald! Anda, sua moleza! – Brian sussurrava enquanto batia na janela.
– O que você quer?? – perguntou Gerald.
– Seu idiota!! Esqueceu do que combinamos hoje à tarde??
– Mas hoje?? Está passando o filme Presídio de Mulheres. – disse Gerald.
– Presidiária de Mulheres??? Pô, esqueça isso, vamos hoje!! Tem que ser hoje!!!
– Tá bom, que saco! Espera que eu vou deixar pra gravar o filme.

Alguns minutos depois, os dois jovens estavam no porão da residência de Brian.

– Não esqueça a pá e o pé-de-cabra. – disse Brian, enquanto pegava uma picareta.
– Tá bom! Pô, o filme estava tão interessante. A mocinha bonitinha foi presa injustamente e as vilãs eram uma presidiária e uma sargento, que pareciam jogadores de futebol americano. – lamentou Gerald.
– Esqueça esse filme!!! Você botou pra gravar, né? – perguntou Brian enquanto saía do porão com a picareta.
– Sim, só que vai gravar as propagandas também.

Meia hora depois, os jovens estavam espiando pela janela da casa do Sr. Milss, zelador do Cemitério Municipal.

– E agora, Brian? O velho tá acordado e vendo televisão.
– Bem, você vai lá e amarra ele.
– O quê?? E como eu vou fazer isso?
– Se vira! Eu tenho que pensar em tudo??
– Putz! Ele tá vendo o filme. – observou o ariano Gerald.
– Já disse pra você esquecer esse filme! Espera aí! – disse Brian, enquanto começava a se levantar, agora com a pá na mão.

Alguns minutos depois, Brian estava acabando de colocar o velho num pequenino armário.

– Será que você matou o velho? – perguntou Gerald, com os olhos fixos na TV.
– Não. Foi uma pancadinha de leve. – disse Brian, enquanto fechava a porta do armário.
– Mas a pá ficou empenada. – disse Gerald, examinando o tal objeto.
– Vamos logo, não temos muito tempo... e desligue essa TV!!

Alguns minutos mais tarde, os jovens se encontravam parados em frente ao Jazigo Perpétuo da família Einsemberg.

– É aqui mesmo? Você viu como tem gente morta com nome de Jazigo aqui nesse Cemitério? – perguntou Gerald.
– Mas você é burro, hein? É aqui mesmo. Foi aqui que aquele Judeu asqueroso, podre, nojento, odioso e pão-duro foi enterrado hoje. – disse Brian, com uma cara de nojo e ódio.
– É!!!
– Vamos logo!!! Comece a cavar aí que eu começo aqui, mas em silêncio, senão alguém pode nos ouvir!!
– O que é que nós estamos procurando mesmo?
– Seu asno!! Você não lembra da boca desse Judeu nojento? Os 04 dentes dianteiros eram de ouro!! Ele não vai precisar deles, agora que está no Inferno.
– É!! Esses Judeus porcos que se esgueiram nas sombras para a roubar a raça superior, ou seja, nós!
– Gerald. Cala a boca e cave!

Mais tarde, os dois jovens, molhados de suor, se entreolhavam.

– Anda, Gerald, abre o caixão com o pé-de-cabra.
– Tudo eu!! Vá você!!
– Não grite, sua anta! Você tá parecendo um judeu gay.
– Pô, sem apelar!! Deixa que eu vou, então. – disse Gerald, enquanto entrava no esquife semita com o pé-de-cabra.

Alguns minutos depois, os jovens trocavam ofensas.

– Como não tem dente nenhum?? Seu idiota! Ele tinha 04 dentes de ouro!
– Venha aqui e veja Brian. Ele tá banguela. A culpa é sua!
– Filho duma égua vesga!! Até morto esse judeu passa a perna na gente.
– O que nós vamos fazer agora? Tivemos esse trabalho à toa e ainda perdi o filme.
– Vamos ter que fugir daqui agora, antes que alguém nos veja.

Depois de alguns metros do jazigo do judeu morto, Gerald vê alguma coisa.

– Brian!! Tá vindo alguém lá no fundo. Parecem duas pessoas e estão vindo pra cá. – sussurrou Gerald.
– Xi!!! Vamos nos esconder atrás daquela lápide e esperar eles passarem.

Instantes depois, os jovens estavam "bolados" com o que viam.

– Brian. Aqueles dois não são os sobrinhos do famigerado judeu?
– Sim, e eles estão carregando pás e picaretas! Sujeitos asquerosos, estão roubando o próprio tio!
– É, mas olhe a cara deles. Eles devem estar confusos também. Encontraram o caixão do tio aberto. Eles devem estar atrás dos dentes também.
– Quieto, seu idiota! Fala baixo. Veja, eles estão discutindo também. Acho que eles vão embora.
– Olha a cara deles. Estão putos da vida. Alguém chegou antes deles.
– Gerald, cala a boca. Chegaram antes de nós também!

Passados alguns minutos, Brian e Gerald tomam uma decisão.

– Gerald, eles já foram. Vamos também.
– Que droga, perdi o filme à toa.
– Vamos pra sua casa e ver a gravação.
– Ok. Apesar de tudo, a noite não foi tão perdida assim, vimos 02 judeus ficarem perdidos.

Assim que os dois jovens entravam na névoa na madrugada e seus vultos eram apenas manchas brancas num mar de escuridão, algo sinistro acontecia no túmulo do judeu: o corpo, que até então permanecia inerte, abriu os olhos, se levantou ao estilo Conde Drácula e colocou a mão esquerda no bolso do paletó negro, com movimentos lentos e firmes.
Dele, retirou 04 pequenas peças douradas e os levou em direção a boca. Instantes depois, o cadáver estava com os 04 dentes de ouro no local onde estiveram por mais de 45 anos.
Feito isso, o ser do além deitou novamente em seu jazigo e, com uma das mãos, fechou o caixão sobre si mesmo.
A cena ficou num completo silêncio por 10 segundos e só foi quebrada com uma frase vinda do caixão:

– Nem morto!!


Gostaram do Conto? Comentem, pessoal. Nos incentivem, OK?

Walacionil Wosch 

2 comentários:

  1. KKKKKKK demais W.W (abreviei teu nome pq é complicado escrever). Eles levam ao pé da letra quando falam "nem morto".

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    1. Êita nóis. Meu nome é bem complicado mesmo. Viu só como os caras são? Coisa de louco...
      Novamente e nunca me canso de dizer (ou melhor, escrever kkkk): MUITO OBRIGADO PELOS SEUS COMENTÁRIOS.
      Um grande abraço pra você, do fundo do coração.
      W.W.
      kkkk

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