O Último Vampiro

Mais uma história de seres sobrenaturais. Desta vez, pra quem gosta de histórias de Vampiros. Esses seres exercem certo fascínio em muitos humanos. Essa história relata como seria o despertar do Príncipe das Trevas hoje em dia.



Romênia. Montes Cárpatos, em algum lugar perto do Desfiladeiro Borgo.
Em meio a uma atmosfera lúgubre, tisna e úmida, um grande esquife se abre, quebrando uma inércia de centenas de anos. O Conde Dracul, ou apenas Drácula, desperta de seu torpor secular para reinar novamente sobre as Criaturas da Noite. Sua majestade se mostra mais uma vez entre seus vis súditos.
Uma onda cataclísmica de dor e ódio toma conta de seu ser e expande para todo o universo, anunciando que o Filho das Trevas, o Príncipe das Lamúrias, aquele que zomba de Deus está de volta. Seu poder ilimitado, subordinado apenas pela sua mórbida e cruel vontade, se prepara para o Principado das Trevas que estaria para recomeçar.
Será mesmo?
O Conde Drácula observa seu calabouço, que serviu de esconderijo e proteção por vários séculos. O Conde despertara depois de um revigorante sono de séculos para novamente exercer seu encargo. 

– Como será que o mundo está agora, depois de todos esse anos? – se pergunta  com certa excitação.

O Conde mal podia esperar para conhecer seu novo Reino. Assim que a noite se firmou, o Conde se dirigiu até a sacada da antiga torre em que morava. 

– O que será aquela luz no horizonte? Por um momento, pensei que seria o Sol que estava a sair. Será um grande incêndio na cidade por detrás das montanhas? Tenho que ver com meus próprios olhos!! 

O Conde decidiu ir andando pela estrada, para conhecer melhor seus novos domínios. Ao chegar na estrada, algo lhe fez excitar: uma espécie de manta negra cobria a estrada. O que seria aquilo?
Haviam duas listras paralelas pintadas de amarelo no centro e outras brancas na borda. O chão parecia ser formado por pequenas pedras negras compactadas, era quente o tal pavimento. Ao se abaixar para melhor ver aquele estranho material, foi surpreendido por uma luz branca, que passou ao seu lado em grande velocidade, acompanhada de um barulho completamente estranho. A luz gritou: 

– Ô seu palhaço!! Quer morrer? Sai do meio da estrada!! 

A luz, que agora era composta por dois pontos vermelhos, sumiu ao longe. 

– Aquilo foi um Demônio de luz?? Ele me chamou de palhaço?? Que audácia daquele elementalzinho menor!! –  disse o indignado Conde.

O Conde começou a andar pela borda da estrada e olhou para mais uma luz que vinha ao longe, passando por ele como um raio. O Conde pensou ter visto um homem dentro da luz. O velho Drácula ficou confuso, nunca vira algo assim. Mais uma vinha pela estrada, o Conde se portou no centro da estrada, estendeu os braços e gritou: 

– Eu, o Príncipe das Trevas, ordeno que pare!! 

A luz emitiu um som agudo e parou. Uma cabeça de um jovem humano apareceu no meio da luminosidade estranha e disse: 

­– Qual é, coroa?? Pirou?? Que roupa estranha!! Tá a fim de uma carona? Sobe aí!! – disse o rapaz, enquanto abria a porta direita do veículo.

O Conde hesitou um pouco, não entendeu direito aquele estranho dialeto, mas se dirigiu até o carro e entrou. 

– O que é isso? Uma carruagem sem cavalos? – perguntou o confuso Conde. 
– Isso é um Mustang 73! O que andou cheirando coroa? Tá indo pra cidade? Te levo lá.
– Sim! Para a cidade! 

Apontava para as luzes detrás das montanhas, quando foi surpreendido pelo solavanco do carro, que arrancava com toda velocidade, cantando os pneus. O veículo se dirigia pela estrada durante a noite, enquanto cruzava com outros que vinham em sentido contrário. O Conde ainda não se acostumara com aquela situação e ainda se contraía e fechava os olhos toda vez que uma luz se aproximava.
O Conde olhou para o rapaz ao seu lado. Era um jovem meio esquisito, pelo menos pra ele. Tinha a cabeça raspada, usava um colete de couro com várias insígnias, pedaços de metal e correntes e tinha um bracelete com pontas afiadas. Havia uma argola que balançava em seu nariz. Usava uma calça de couro com os mesmos tipos de penduricalhos do resto do corpo. O Conde imaginou que se tratasse de algum bárbaro vindo da bacia do Eufrates ou do Baixo Nilo. 

– E aí, velho? Você não está indo para uma daquelas festas de boiolas não, né? – perguntou o rapaz. 
– Não entendi sua pergunta meu jovem. – disse com polidez o Conde. 
– Você sabe! Aquelas festas de Vampiros, aquelas dos "chupadores". Essa sua roupa... – disse o rapaz, que exalava um bafo etílico. 
– Vampiros?? Você conhece alguma coisa sobre Vampiros?? – perguntou o Conde Drácula com assombro. 
– Claro! Hoje em dia é cheio de Vampiros para todos os lados! Reuniões, festas, convenções. É moda ser boiola hoje em dia. 

O Conde não entendia direito aquilo que o rapaz lhe dizia com escárnio. Será possível isso que ele ouvira? Os Vampiros vivem junto com os homens e são desprezados? 

– O que é "boiola"? – perguntou o Conde. 
– Ô coroa! Onde você esteve nesses últimos séculos? Dormindo? Boiola, ou gay, é paka, frutinha, viado, bicha, mordedor de fronha, eskentapau... essas coisas!
– Você quer dizer....hã...Sodomitas? Pederastas? Aqueles que vão contra a natureza? – perguntou o Conde, com medo de ouvir a resposta.
Sodomita?? Hã... Agora eu me lembro da Bíblia. Sodoma e Gomorra. Sim! É isso! Os Vampiros de hoje são Sodomitas! – disse o rapaz, enquanto soltava um suspiro etílico.

O velho Conde Drácula ficou paralisado no banco do carro, com olhar petrificado. Ele não podia acreditar naquilo que ouvira. Era a desgraça da categoria. Os Vampiros eram as criaturas mais excepcionais do mundo. Tinham poder, graça, honra, classe, domínio. Agora, eles se transformaram num bando de delinqüentes que se entregavam aos prazeres mundanos dos mortais. 

– Você tem certeza? Todos? – perguntou o Conde, que agora estava mais branco do que nunca. 
– Bem, todos não, mas a maioria sim! E alguns não são, mas gostariam, e como! É um tal chupa pescocinho daqui, pega no pulso e suga dali. Já viu ou leu alguns desses filmes ou livros, onde os Vampiros choram quando matam uma vítima?
– Ficam arrependidos, fazem cara de tesão quando chupam o sangue, ficam babando como um drogado na beirada da privada, com maquiagem borrada. Aí vem outro Vampiro, o abraça, choram juntos, se lembram de quando foram bolinados pelo padrasto enquanto ainda eram jovens humanos. Bichice pura!
– Usam cabelos longos, caídos no rosto, brinquinhos de prata na orelha, fazem cara de tristes e amargurados, andam pela noite atrás de um rapazinho belo e indefeso para começar com a viadagem! – disse o rapaz, enquanto tossia. 
– Mas quando começou isso tudo?? – perguntou Conde, com dificuldade de falar. 
– Não tem tanto tempo assim. Acho que começou entre os anos 60 e 80, com uns filmes pornográficos: "Dracula Sucks", "Dracula And The Boys", "Gayracula", "Love Bite".
– Mas ficou famoso mesmo depois que uma lésbica chamada Anne Rice começou a escrever histórias de Vampiros. A comunidade gay entrou em polvorosa, foi um delírio só. Daí, foi questão de tempo para começar a aparecer mais filmes, revistas, livros, campanhas publicitárias, bares temáticos, boites "clubers", jogos...
– Existem algumas exceções, mas são poucas, infelizmente não existem mais Vampiros como Christopher Lee, Bela Lugosi, John Carradine, esses eram machos!
– Como eu sei de tudo isso? Pô, velho, eu sempre adorei histórias de Vampiros, sempre achei o máximo, mas assim que começou a pederastia... – disse o rapaz com pesar. 
– Então não existe mais espaço para Vampiros como eu... hã..., digo, Vampiros como antigamente? – perguntou o velho Conde, com as sobrancelhas apertadas. 
– Falando sério, meu tio? Acho que não!!
– Pare!! – disse o Conde. 
– Quê isso, velho? Vai ficar no meio da estrada? De noite? – perguntou admirado o rapaz. 
– Eu não vou mais para a cidade, vou voltar. Não tenh
o nada o que fazer lá. Acho que vou voltar a dormir e, quem sabe, acordar daqui a uns 300 anos. 

O Conde descia do carro enquanto falava com o rapaz. O rapaz ficou olhando para aquela figura cabisbaixa, que andava com passos lentos e sôfregos. A capa preta sumia na escuridão lentamente.
De repente, o vulto se transformou em fumaça e, no meio dela, surgiu voando um grande morcego, que seguiu em direção da antiga torre, sua morada. O rapaz olhou com espanto para aquilo, mas depois ficou sério, entrou no carro e deu partida. 

– Acho que bebi demais. Ora, não existem mais Vampiros como aquele.
– Infelizmente!...

COMENTEM, PESSOAL...


Walacionil Wosch

2 comentários:

  1. sacanagem com os emos e os fãs de crepúsculo, rs. Assistam Sombras da Noite do Tim Burton, o ultimo filme de vampiro q prestou.

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    1. Mas nem dá pra dizer que a saga "Crepúsculo" é de Vampiros. Eles esculacharam com os Donos da Noite nesses filmes idiotas. Onde já se viu Vampiros com pele de diamante. AFFFFF
      Na real, os melhores filmes de Vampiros até hoje, estive vendo, são Drácula de Bram Stocker e Entrevista Com Vampiro.
      Valeu pelo comentário.

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