A Maldição do Lobisomem – Parte 13



“O homem não teceu a teia da vida
Ele é apenas um fio dela
Qualquer coisa que ele faça com a teia
Faz consigo mesmo”


Estados Mentais dos Lobisomens

Esta seção discute as mudanças pelas quais podem passar a psiquê do Lobisomem ou as mentes das pessoas ao seu redor. Também são discutidos problemas que os Lobisomens têm em interagir com a sociedade humana ou lupina.
Vamos ver alguns exemplos:

O Frenesi

Todas as tentativas de controlar a fúria interior devem ser consideradas tentativas da parte do Lobisomem em “despertar a Fera”. Controlada, Fera permite ao Lobisomem desempenhar feitos extraordinários.
Há vezes, porém, que uma parte grande demais da Besta é despertada, e o Lobisomem cai numa fúria enlouquecida conhecida como Frenesi. Ele se torna uma criatura de emoções intensas, movido apenas pelo instinto, com pouca capacidade de controle cognitivo.
Os Lobisomens frenéticos mudam imediatamente para a forma Crinos ou Hispo, atacando cegamente os indivíduos à sua volta ou correndo para a floresta. Um Lobisomem à beira de entrar em Frenesi pode tentar controlar a Fera mediante meditação. Caso consiga, ele não entra em Frenesi, mas é impedido de realizar ações.
Os instintos de lutar ou correr são muito fortes num Lobisomem frenético. Ele é tomado completamente por um (ou por ambos) desses impulsos. Se o Lobisomem correr, será considerado que ele foi tomado pelo Frenesi Raposa. Mas se o Lobisomem permanecer onde está e combater, então ele foi tomado por um Frenesi Selvagem.

Um Lobisomem selvagem pode voltar-se contra os membros da sua própria Matilha ou contra qualquer outra pessoa (inclusive humanos indefesos) nas proximidades, se não restarem mais inimigos. Os Lobisomens selvagens às vezes caem inconscientes logo depois do furor selvagem se dissipar.
Os Lobisomens cujos níveis de fúria excedam sua razão não se recordam de nada que aconteceu a eles durante o Frenesi Selvagem. Enquanto se encontra em Frenesi, o Lobisomem não pode empregar manobras de combate de luta corporal, nem usar armas ou Dons. Suas táticas limitam-se a lacerar e morder.
Eles não usam estratégias como emboscadas ou manobras de Matilha. Durante um Frenesi Selvagem, o Lobisomem precisa correr até um inimigo e atacá-lo. Já ao sofrer um Frenesi Raposa, o Lobisomem precisa correr para longe. Qualquer que seja o caso, o Lobisomem frenético lutará com qualquer coisa que cruzar seu caminho.
A duração de um frenesi é altamente variável, dependendo do quanto a situação estressante dura. O Lobisomem permanecerá frenético enquanto estiver sentindo perigo. Se o Lobisomem puder escapar da cena e fugir em busca de um lugar onde se esconder, ele irá recuperar-se do Frenesi tão logo possa descansar por um tempo.
O Frenesi dura o dobro se o Lobisomem estiver faminto. Simplesmente pense em você mesmo como um animal em pânico que se viu numa situação assustadora da qual está tentando escapar, seja matando o perigo ou fugindo dele.
A principal vantagem do Frenesi é que o Lobisomem não sente os ferimentos, sua fúria é tão grande que ele simplesmente ignora a dor. O Frenesi depende da fase da Lua, portanto, lendas de ataques de Lobisomem durante a Lua Cheia não são simples coincidências.
Vamos ver algumas situações que podem incitar o Frenesi:

– Embaraço
– Humilhação
– Qualquer emoção forte, como paixão inveja e até desejo
– Fome extrema
– Confinamento, impotência diante do inimigo
– Insultado por um inimigo
– Você foi injustiçado
– Há prata nas proximidades

Ocasionalmente, a fúria de um Lobisomem chega a extremos, quase consumindo-o. A Fera assume o controle, e o Lobisomem comete depravações que, em sua condição normal, jamais imaginaria.
A Fera é a mácula da corrupção dentro da alma de cada Lobisomem, e a corrupção às vezes exige o seu quinhão. Dependendo de sua raça, o Lobisomem pode reagir de certas formas durante este tempo.
Vejamos:

Hominídeo

A Devoradora de Almas maculou a humanidade e, portanto, a raça Hominídea é suscetível a seu encanto sombrio. Os Hominídeos sob influência da Devoradora de Almas tendem a cometer atos de canibalismo, não apenas contra os de sua própria espécie, mas também contra os lobos.
Caso o Hominídeo incapacite ou mate um inimigo, ele deixará que sua fome assuma o controle. As histórias de horror sobre Lobisomens canibais são, em sua maior parte, resultado desses Frenesis, piedosamente ocultos que são pelo Delírio.

Impuros

A Profanadora plantou suas sementes nos Impuros, Realmente, muitos Lobisomens acreditam que o crime contra a Litania que produz um Impuro resulta da tentação da Profanadora. Os Impuros sob a sua influência cometerão atos terríveis de perversão (a despeito do sexo da vítima).
Se o Impuro incapacitar ou mesmo matar um inimigo, ele permanecerá parado na maior parte das vezes, mesmo que no meio de um combate, e será tomado por seus impulsos perversos. É preciso enfatizar que esta não é necessariamente uma característica dos Impuros, trata-se apenas de uma maldição que eles precisam enfrentar, a mácula de uma entidade exterior.

Lupinos

A Fera da Guerra cravou suas garras corruptoras nos Lupinos, transformando seus Frenesis em necessidades animalescas e transformando leves ressentimentos em explosões de ira.
Os lupinos sob a influência da Fera da Guerra perdem todo o senso de piedade, mesmo por seus companheiros de Matilha. Eles são tão propensos a atacar indivíduos de sua própria espécie quanto o são a atacar inimigos.
Se qualquer combatente, mesmo um companheiro de Matilha, estiver incapacitado, o Lupino  atacará o combatente caído, mesmo que para isso precise afastar-se de outro inimigo. Quando o Frenesi terminar, a mácula da Fera da Guerra abandona o Lobisomem.
Todo Lobisomem teme um frenesi como esse, porque ele acaba com as ilusões que os Lobisomens nutrem quanto ao seu heroísmo e natureza pura. Não há como escapar da verdade cruel de que a corrupção reside não apenas no mundo externo, mas também no interior de cada Lobisomem.
Alguns Lobisomens chegam mesmo a cometer suicídio depois de um Frenesi como esse, por acreditarem que estão irremediavelmente a serviço da corrupção.

A Maldição

A natureza animal dos Lobisomens permanece muito próxima à superfície. Além disso, a despeito dos milênios, os humanos ainda lembram subconscientemente o terror noturno dos ataques de Lobisomens.
Portanto, sempre que a fúria de um Lobisomem excede a razão de um humano, o humano instintivamente sente-se inquieto na presença do Lobisomem, não importa qual seja a forma que este está assumindo no momento.
Os Lobisomens com nível alto de fúria tendem a ser evitados por humanos, que murmuram sobre “aquele cara estranho” quando ele passa. Os Lobisomens chamam esse efeito de Maldição, e uma maldição ela é, porque separa eternamente Lobisomens de humanos, impedindo relacionamentos estáveis e casamentos.
Um Lobisomem não pode manter uma vida familiar com um humano, porque a fúria se interpõe continuamente entre os dois. Muitos Lobisomens Hominídeos são criados em lares desfeitos, com o pai ou mãe Lobisomem ausente durante o crescimento da criança (embora a Tribo do pequeno Lupino o vigie constantemente).
A maldição ocasionalmente afeta também os lobos. Eles sentem alguma coisa sobrenatural no estranho em seu meio. Mesmo entre os lobos, os Lobisomens normalmente não são bem-vindos. Apenas entre eles mesmos podem encontrar a amizade autêntica e, mesmo assim, a consumação do amor físico é rigorosamente proibida pela Litania.
A tragédia de um Lobisomem é a sua fúria, uma barreira que se interpõe continuamente entre um Lobisomem e os humanos, lobos e até mesmo outros Lobisomens.

Tragédia na Família

Poucos Lobisomens são capazes de estabelecer relacionamentos longos com humanos porque, para os Lobisomens, é praticamente impossível controlar indefinidamente sua fúria, e os humanos não conseguem suportar a memória do que acontece quando se perde o controle.
Todo Lobisomem que esteja tentando viver como um humano normal, sempre alguma coisa pode acontecer para arruinar ou prejudicar o relacionamento do personagem com aqueles com quem estava vivendo. A Fera emergiu, o Delírio foi acionado, e os familiares ou amigos do Lobisomem nunca mais confiarão nele.

O Delírio

Sempre que os humanos vêem um Lobisomem em sua forma Crinos, eles ficam descontrolados de alguma forma. A exata reação varia enormemente de um humano para outro, mas uma raça não esquece que foi caçada durante 3000 anos.
O temor que os humanos sentem por seus antigos predadores é inconsciente, inato e instintivo, semelhante ao terror acionado quando uma silhueta de gavião se projeta sobre um ninho de filhotes de rato.
Esta reação, chamada Delírio, é o motivo pelo qual os Lobisomens não foram descobertos e tantos não acreditam em sua existência. A insanidade permanente é o resultado típico de encontros repetidos com o monstro Crinos. A reação individual frente à visão de um Lobisomem em sua forma meio-lobo varia de acordo com a pessoa.
Certas culturas humanas são imunes ao Delírio ou menos afetadas por ele. Uns poucos indígenas jamais sofrem os efeitos colaterais de terem sido caçados por Lobisomens. Entre os exemplos estão os aborígines australianos, algumas tribos amazônicas e alguns índios americanos.
Vejamos alguns exemplos dos efeitos do Delírio:

Medo Catatônico: O indivíduo é o receptor indefeso de uma grande dose de memória ancestral. A visão do Lobisomem leva o pobre infeliz a cair em posição fatal e choramingar.

Pânico: Afaste-se! A pessoa se move para o mais distante que seus pés puderem separá-lo do Lobisomem, gritando e ignorando obstáculos, como vidraças e quedas de trinta andares.

Descrença: A pessoa se recusa a aceitar a realidade do Lobisomem, atribuindo a visão de um homem-lobo a estresse, neuroses ou a efeitos de alucinógenos.

– Isto não está acontecendo, cara! Devo estar maluco! (ri histericamente).
– Não importa, cara. você não é real. Pra trás, pra trás....

Selvageria: Tomado por um terror profundo, o humano executa algum tipo de ação, qualquer tipo de ação. Ele pode sair correndo pelas ruas quebrando janelas ou pode saltar sobre o Lobisomem, cravando as unhas no monstro.

Terror: Muito medo. Não exatamente pânico total, mas o humano sairá correndo para longe do Lobisomem, gritando. Ele ainda agirá racionalmente, o humano entrará em seu carro, fechará portas atrás de si, etc...

Conciliatória: A pessoa, embora faça tudo que pode para ficar calma e aplacar a fera, está à beira de um colapso. Ele fará qualquer coisa para evitar ser ferido

– Tá legal! Faço o que você quiser, só não me machuca, por favor!

Medo Controlado: Talvez esta pessoa seja um ex-combatente do Vietnã ou um tira veterano. Ela manterá um comportamento calmo (embora no íntimo esteja apavorada) e reagirá de forma racional, lutando ou fugindo, conforme apropriado.

Curiosidade: Este indivíduo pode ser o típico pesquisador distraído, ou apenas um maluco que pense que o Lobisomem é o produto da combinação por clonagem dos gens de Elvis Presley e do Pé-Grande. De qualquer forma, ele ficará mais fascinado que assustado, chegando ao cúmulo de estudar o Lobisomem (a uma distância segura). Este é o tipo com mais chances de racionalizar posteriormente os fatos.

Sede de Sangue: Talvez o Ta-ta-ta-e mais um monte de ta-taravô do cavalheiro tenha sido um cacique índio que matou um Lobisomem na forma Crinos. Sua reação será mais de raiva que de medo.
– Está para nascer o monstro que a Srta. Kitty não dê cabo (abraça afetuosamente sua espingarda).
– Vou matar esse safado e pendurar a pele dele sobre a lareira. Homem que é homem não tem medo de cachorrão!.

Sem Reação/Frio: Esta pessoa ou tem nervos de aço ou um cérebro de gelatina. Por alguma razão bizarra, a aparência do Lobisomem não provoca nenhuma reação neste sujeito. Se o Lobisomem falar com ele, o sujeito responderá, com calma e tranqüilidade:

– Sim?

Mas nem sempre essas últimas acontecem. Na maioria das vezes, o humano fica totalmente paralisado, corre de medo ou até se atira pela janela do 20º andar pra fugir do monstro.

O Véu

Depois que um humano delirante tiver perdido o Lobisomem de vista, ele geralmente esquecerá ou racionalizará o que ocorreu. Este mecanismo de defesa mnemônica é conhecido entre os Lobisomens como o Véu.
Dentro de alguns dias a memória do encontro estará, na melhor das hipóteses, nebulosa, e o humano pensará:

– Isso. Acho que o cara estava fantasiado de Rabujento, o Cão Detetive, ou alguma coisa do tipo. Devia ser uma campanha publicitária...

Bem, esses são alguns exemplos de como um humano poderá agir ao encontrar um Lobisomem na forma Crinos pela frente.
Mas nem todas sempre acontecem. Na grande maioria das vezes, o que acontece mesmo é um pânico terrível. O humano tende a correr até não poder mais ou até se jogar pela janela do 20º andar para escapar do monstro.
Mas isso depende de cada pessoa. Qual seria a sua reação ao ver um Crinos na sua frente com garras e presas enormes à mostra?
Nunca se sabe...


Continua...
Walacionil Wosch


3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Com quantos anos um lobisomem puro se transforma?

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    1. 18, e quando a alma encontra o equilíbrio entre o mundo espiritual e físico! espero ter ajudado.

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